16º ANDAR
Em janeiro de 2003 eu e uma turma de amigos partimos para a cidade de
Porto Alegre com o objetivo de freqüentar o Fórum Social Mundial, sendo
que ficamos durante o período de uma semana. Em nossa estadia ficamos no
apartamento de uma amiga em um prédio da cidade. E foi ali que tudo
aconteceu.
O centro da história não se baseia em no objetivo da viagem, mas sim no prédio em que ficamos.
Como o prédio em que nossa amiga mora se localiza bem na zona central
da cidade, ele possui uma história muito longa, sendo muito antigo e
muito grande.
Sua estrutura interna, como as paredes, eram de
madeira, dando um ar antigo porém clássico; parecia que muita coisa já
havia acontecido ali.
O ar também não era comum, dando a impressão
que ao entrar no prédio, nos sentíamos em outro mundo, mas o que mais
marcou mesmo foram os 2 elevadores de madeira quebrando o silêncio por
misteriosos estalos, que a princípio, pensávamos ser causados pela sua
mecânica bem antiga.
Nenhum dos companheiros da turma tinha
claustrofobia, mas, quase que inevitavelmente, ao entrarmos no elevador,
sentíamos uma horrível sensação de sufocamento e mal-estar.
No meio
daquela semana, em uma noite faltou bebida no quarto, sendo que eu e
mais dois amigos ficamos encarregados de comprar cerveja às 3 horas da
madrugada (sabe como é, a famosa bagunça em turma).
No momento em
que voltamos da nossa busca frustrada, entramos no elevador da direita,
pois já estava esperando no térreo (curiosidade: descemos com o elevador
da esquerda).
Entramos, e todos são testemunha que pressionei o botão do 7º andar.
Me manifestei por demorar demais até chegarmos em nosso andar.
Quando começamos a contar os pilares, notamos mais de 10 andares passando por nós.
Misteriosamente o elevador parou no 16º andar, sem abrir as espessas portas de madeira oca.
Um terrível silêncio tomou conta do ambiente, enquanto olhávamos um
para o outro abismados e ao mesmo tempo buscando alguma explicação para
tudo aquilo.
De repente, ouvimos um motor acionando , com o
ruído bem próximo da gente e deduzimos que estávamos perto do último
andar do prédio.
Conseguimos também ouvir que o elevador da esquerda
parou no mesmo andar que o nosso; abrindo suas portas, e segundos
depois, abrem-se as portas do nosso elevador.
Todos apavorados saem
imediatamente do elevador, e observam que não tem nenhuma pessoa
conduzindo o outro elevador. descemos rapidamente pelas escadas até o 7º
andar.
Dois dias depois, ficamos no prédio novamente durante a
noite e em todo o tempo em que não conseguíamos dormir, ouvimos
claramente que os elevadores não pararam de funcionar, e isso tudo já
era de conhecimento de toda a turma. Às vezes alguns ruídos mais altos
me despertavam novamente.
Na manhã seguinte resolvemos comentar os fatos para o dono do bar onde tomávamos nosso café da manhã.
Ele nos olhou com seriedade e ao mesmo tempo com um ar de quem já tinha
ouvido muitas vezes a mesma história. Nos contou que no século passado o
prédio era um hotel, e nele trabalhava um homem que dedicara a vida ao
bem-estar e limpeza do local.
Era responsável por toda a manutenção do prédio, bem como dos elevadores.
Um fato horroroso acabou com a história do hotel. O homem, cujo ninguém
se recordava o nome, no dia da manutenção dos elevadores, estava
ajustando a altura que o aparelho pára em relação aos andares.
Seu
alinhamento estava muito acima do normal. Não se sabe como, mas dizem
que ele acabou caindo do 16º andar quando entrou no espaço destinado à
ocupação do elevador, mas este não estava no mesmo andar.
Enfim, dentro da realidade... a gente até hoje se pergunta: isso foi uma simples coincidência?
Achamos que sim mas, a partir dessa temporada, todos nós passamos a usar as escadas...
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