"Olhe sempre ao seu redor, mesmo que seja um lugar inabitado, pois com certeza não estamos sozinhos!"
Este relato que vou contar agora aconteceu comigo algum tempo atrás, e por mais incrível que pareça, foi verídico.À alguns aos atrás eu trabalhava como escriturário em um grande Hospital em São Paulo (prefiro não dizer o nome para não gerar polêmicas e nem prejudicar sua imagem).
Esse hospital é muito grande, com vários apartamentos, leitos, salas administrativas, salas de cirurgia, berçario e demais dependências que um hospital deve ter.Como é muito grande, sua estrutura é dividida em prédios interligados entre si por passagens, as quais também servem como rota de fuga em caso de incêndio. Essas passagens são fechadas automaticamente por portas corta-fogo, acionadas por amortecedores instalados em sua estrutura. É o padrão de segurança existente em todos os prédios que atendem as normas contra incêndios.Dentre as minhas atividades, as quais eram várias, eu tinha que retirar e entregar documentos diversos em todos os prédios do hospital, e em todas suas dependências.
Meu horário de trabalho era diurno, das 08:00' às 17:30', mas as vezes eu tinha que ficar até tarde devido à solicitação da chefia para auxiliar os setores de triagem de pacientes, recepção e outros que funcionam 24 horas por dia.Eu não gostava muito de ficar à noite por lá, pois existiam lugares que depois de determinado horário ficavam com sua iluminação reduzida devido ao pouco movimento de funcionários nos setores, principalmente o 8º andar, que era uma área de armazenagem de medicamentos, com um tipo de almoxarifado central e o pior de tudo, lá tinha uma sala onde ficavam os pacientes que "faleceram" durante sua estadia no hospital.
Em um certo dia, me pediram para ficar até tarde, pois haviam documentos de convênio médico que atrasaram à ser entregues, e seriam necessários para a liberação de algumas cirurgias de urgência.Como de costume, eu não me recusei e concordei em ficar.
Fiquei próximo ao setor administrativo aguardando os documentos, sendo que nesse intervalo fazia alguns servicinhos de rotina, como tirar xerox por exemplo.
Por volta das 21:00', os documentos do convênio chegaram e me pediram para entregá-los rapidamento no prédio 3, que ficava do outro lado. Também me pediram para entregar algumas pastas de documentos ao médico responsável no mesmo local.
No momento eu nem liguei, mas depois é que a ficha caiu. Para eu chegar até o local de destino, teria que passar pelo 8º andar, onde havia uma passagem direta para o prédio 3, onde eu deveria entregar os documentos.
Mas pensei comigo: "Deixe prá lá, o 8º andar é um local como os outros" (tentando me consolar).......Então lá fui eu, com uma pilha de pastas e os documentos do convênio, circulando pelos corredores, os quais a essa hora já estavam de certa forma desertos.
Peguei o elevador sozinho e pressionei o botão do 8º andar.
Quando cheguei ao andar, abri a porta do elevador e adentrei ao corredor principal, o qual era em linha reta de frente para o elevador. Olhando de frente para o corredor dava para ver todas as portas das salas dos lados esquerdo e direito. Para piorar a última sala era onde ficavam os corpos dos pacientes falecidos (um mini necrotério).Então respirei fundo e segui em frente no corredor, até chegar à passagem para o outro prédio onde eu teria que ir.
Abri a primeira porta corta-fogo com muito custo, pois eu estava carregado de pastas e documentos, dei mais uns dois passos e abri a segunda porta corta-fogo onde saía na escada de incêndio que liga os prédios do hospital.Quando passei por essa porta, e entrei na escada de incêndio, levei um susto tão grande, mas tão grande, que eu pensei que teria um infarte nesse momento. No canto atrás dessa segunda porta corta-fogo havia uma mulher com um vestido branco, tipo um pijama usado por pacientes. E ela estava parada ali com os olhos arregalados me encarando. Ela era pálida como papel, parecendo até que sua pele fosse semi transparente. Eu não sabia o que fazer e quase derrubei tudo. Então com o coração gelado e acelerado acho que a umas 200 batidas por minuto, eu olhando para ela falei tremendo....."oi".......(nem sei porque eu disse isso naquela hora) e saí rapidinho dali, quase correndo. Atravessei as escadas, entrei no outro prédio, entreguei os documentos, mas não disse nada para ninguém, pois não tinha intimidade para isso.Para retornar à onde eu estava, desci pelo elevador social do prédio 3, saí pela rua e entrei pela outra portaria do prédio onde eu estava no início.
No outro dia quando encontrei meu amigo no setor, contei para ele, e disse que talvez fosse alguma paciente meio "louca" que tivesse se escondendo de alguém. Meu amigo me perguntou em detalhes com era a mulher, e eu contei. Ele já trabalhava no hospital à uns 8 anos mais ou menos e conhecia muita coisa por lá. Então ele me disse que essa mulher era uma paciente que ficou meses internada no hospital com uma doença rara até quando ela morreu. Desde então ela aparece sempre naquela área das escadas de incêndio do prédio, pois ela quando viva, dizia para os parentes que um dia ela iria fugir porali, pos ela sabia que era uma saída que ninguém ficava vigiando.Bem, depois dessa, eu evitava ficar até tarde no hospital, e quando precisava ir para o prédio 3, eu sempre ia pela rua e nunca mais passei pelo 8º andar e muito menos pela escada de incêndio.
Para quem está lendo, parece que não foi muito assustador, mas eu garando que para mim que presenciei e passei por tudo isso, foi algo que me arrepiou até a alma e que nunca mais esquecerei.
Reynaldo - S.P.
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