BRUXARIA

Bruxaria



Se levarmos em conta o uso adequado da língua portuguesa, a palavra Bruxaria, designa, os atos e as pretensas faculdades sobrenaturais que determinada pessoa, que geralmente utiliza ritos mágicos, com intenções boas ou más, daí o nome de Magia negra e Magia Branca.

Contudo, para os Bruxos, a Bruxaria, não se passa de uma forma de vida, e esta é encarada como o culto à Deusa e ao Deus. Ela, é caracterizada pela liberdade de pensamento e de vertentes de características bastante distintas, mas, entre elas existem muitos elementos em comuns que podem ser apresentados.

A Bruxaria é uma prática pagã, quando dizemos isto, estamos nos referindo a verdadeira identidade do termo, este vem do Latin, Paganus, que significa, "Morador do Campo". Pagãos eram os povos que celebravam as colheitas e veneravam o sol e a lua, desse modo, pagão seria equivalente a "caipira", e indicava alguém com crenças "atrasadas", ou seja, ligado aos antigos deuses. Muitas das práticas pagãs eram vistas como crendices ou adoração ao demônio. Mas isto não se passava de mais uma das designações que a igreja colocava.

O Paganismo seria, então, o modo de viver dos povos pagãos, lembrando que usamos o termo pagão para classificar toda e qualquer pessoa que celebre a Natureza e seus ciclos. A Bruxaria é apenas uma das inúmeras vertentes pagãs. Temos também o Druidismo, o Xamanismo etc. Além disso, toda a natureza está sempre cantando para nós, revelando seus segredos. Os Bruxos ouvem a Terra. Eles não ignoram as lições que ela está desesperadamente nos tentando ensinar. Quando perdemos contato com nosso amado planta, perdemos o contato com o Divino. Muitos dos povos Pagãos eram politeístas, atribuindo aos deuses, faces da Natureza com que conviviam. Assim, havia o deus do Sol, a deusa da Lua. o deus da caça, a deusa da fertilidade, etc. Foram Pagãos os povos Gregos, Romanos e Celtas, por exemplo. Uma característica muito marcante da religião Pagã é a existência de deuses e deusas, às vezes com igual poder, e muitas vezes tendo-se a figura feminina como dominante. O feminino está associado à Lua, à Terra geradora do fruto, do sustento. Isto se deu quando, no início dos tempos, o Homem não compreendia que o ventre da mulher crescia, de acordo com a Lua que também crescia magnífica no céu, e depois minguava, trazia à Terra o fruto de sua gestação. No momento em que o homem se deu conta de sua participação no ato da criação, iniciou-se a valorização do aspecto masculino, pois, afinal, sem a união destas duas energias não haveria criação! O masculino está relacionado ao Sol, à virilidade à força de ação. O homem é o Deus, é Apolo, é Cernunnos, é Dionísio, é Osíris, é Pã, é o Deus com Galhos ou Chifres, o Consorte.

Em diversas tradições de diversas partes do mundo e em diferentes épocas, encontramos a Bruxaria, acredita-se que desde a pré-história já se utilizava da Bruxaria como forma de vida. Desde os primórdios da Humanidade, o Homem temeu o poder do ar, da água, da terra e do fogo. Trovões, chuvas, vendavais, o mistério do fogo e da fertilidade da terra eram forças inexplicáveis que provinham de "deuses", de uma força além do alcance do Homem. O Homem integrou-se à Natureza. Precisou caçar, plantar, procriar. Entendeu que havia épocas de frio, de calor, em outras a semente germinava e o fruto amadurecia. O sol trazia calor, os ciclos da lua refletiam-se na Mulher. Do mistério do desconhecido e das forças da Natureza influenciando a vida dos homens surgiram as crenças em algo que transcendia a própria existência, na interação entre o Homem e algo muito maior.

A Bruxaria é uma filosofia ecológica e de harmonização interior. Quando se é Bruxo, não se está preso a preceitos religiosos, cada um é livre para escolher sua forma de fé, acreditar em deidades. O que é procurado dentro dessa filosofia e o resgate da nossa essência, e em muitos momentos os costumes primitivos. 

Com os adventos religiosos ocorridos na Idade Média, a imagem dos Deuses pagãos foi relacionada ao Diabo como forma de dissipar as tão impregnadas crenças pagãs. Muitos elementos atribuídos à bruxaria foram criações da Igreja Católica que, com o fim do feudalismo e as convulsões sociais decorrentes, via sua hegemonia ameaçada. Assim, o Santo Ofício (Inquisição) tinha como meta resguardar a fé, ou melhor, o domínio da Igreja.

Foi somente na Idade Média que a Bruxaria foi relegada às sombras com o domínio da Igreja Católica e a criação da Inquisição, cujo objetivo era eliminar de vez as antigas crenças, que eram uma ameaça a um clero muito mais preocupado em acumular bens e riquezas do que a propagar a verdadeira mensagem de Jesus. Durante o tempo das fogueiras, o medo fez com que muitas de nós permanecêssemos no anonimato para resguardarmos nossa vidas e nossa famílias. Muitos dos conhecimentos passaram a ser transmitidos oralmente, por medida de segurança, e, assim, muito se perdeu.

Em 1951 quando a última das leis contra a Bruxaria foi revogada, Gerald Gardner saiu das sombras e defendeu as posições de Margaret Murray, declarando que a Bruxaria tinha sido a religião dos antigos europeus e que continuava a ser uma religião verdadeira para muitas pessoas e que teria sobrevivido através de anos sucessivos de supressão sob o nome de Wicca.

De lá para cá o movimento Pagão cresceu substancialmente e muitos Bruxos que tinham sido instruídos por suas famílias durante décadas, decidiram sair das brumas e se tornarem visíveis e assim em pleno século XX ressurge uma religião que busca celebrar novamente a natureza, os Deuses Antigos e que busca inspiração nos seus ritos no culto à Deusa e ao Deus.

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