sábado, 20 de julho de 2013

NOITE INFERNAL



Isto passou-se há 12 anos atrás, tinha eu 7 anos. Eu era um garoto rebelde, e meu pai já não sabia o que fazer para me obrigar a modificar.

Minha relação com ele também não era das melhores, de maneira que houve um dia, após uma discussão particularmente violenta, eu saí de casa determinado a não voltar (tinha 7 anos).

Isto passou-se por volta das 17h e 30m. Saí de casa e fui virado a um pinhal não muito longe de minha casa. Não dei por conta de escurecer, mas é certo que de repente me vi rodeado de escuridão. Para onde quer que olhasse, só via árvores, arbustos e mato. Comecei a ficar com medo, e foi então que tudo começou...

Comecei a ouvir uns gemidos, seguidos de barulhos de passos. Reuni a pouca coragem que restava e gritei:

-Quem está aí?

A única resposta que obtive foi uma gargalhada de gelar o sangue. Comecei a correr, a correr, cada vez mais depressa, sem destino... Pouco me importava para onde ia, só queria sair dali... Quando comecei a avistar uma claridade azul, cada vez mais forte, á medida que me aproximava dela.... E foi então que vi.... Por entre duas árvores retorcidas, vi o que me pareceu uma porta, uma espécie de portal, delineado a azul, uma luz intensa...

Peguei numa pedra, e atirei-a de encontro á tal abertura, mas a pedra, se entrou, não tornou a sair. Não ouvi o barulho da pedra a cair do lado de lá, de maneira a que deduzo que terá tido outro fim. Se estava assustado, com isto entrei em pânico, mas não conseguia arredar o pé dali...

Comecei a ouvir barulhos, restolhadas de folhas na minha direção, de maneira a que me escondi atrás de um arbusto. Começaram a aparecer vultos de todos os lados, concentrando-se todos em frente á "porta". E foi então que senti uma dor forte na nuca, que me fez perder os sentidos... No dia seguinte, acordo com o meu pai a olhar para mim.

-Estás bem?-disse-me ele, e pegou em mim e levou-me para fora dali. Nunca soube o que realmente me aconteceu, nem o que tinha presenciado na noite anterior, mas certo é que, além de 17 pontos na cabeça, nunca mais tornei a entrar naquele sítio, e de há dois anos para cá, já desapareceram duas pessoas naquele pinhal, tendo sido uma delas encontrada morta, completamente desfigurada...

O que se esconde por detrás daquelas árvores? Que segredo encerra aquele pinhal? Vou terminar o meu relato com uma frase conhecida: "A verdade anda por aí". Por mim até pode andar. Mas não hei-de ser eu a descobri-la...

Marcos Pires

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