sábado, 20 de julho de 2013

TINHA ALGO DE SOBRENATURAL

Quando me mudei para aquele apartamento, jamais poderia imaginar que pudesse passar por uma experiência tão aterrorizante como aquela. Eu estava com toda a mudança ainda espalhada pelo apartamento e ainda meio atrapalhado com tudo, sendo que em uma noite eu já estava quase dormindo e escutei no banheiro o barulho de água correndo e fui meio sonolento e cambaleando de tanto sono conferir e me deparei realmente com a torneira aberta, mas o que eu estranhei é que as duas torneiras estavam abertas e no máximo. Tratei logo de fechar e olhei a volta e não vi nada de anormal, então saí e voltei para cama.

Alguns dias se passaram e acordei com o barulho de água correndo e fui ao banheiro e minha surpresa foi maior ainda quando me deparei com as duas torneiras e também o chuveiro aberto no máximo, aí realmente já era demais e verifiquei tudo que pudesse fazer aquilo, mas não cheguei à conclusão nenhuma.

Mais alguns dias e acordei sobressaltado com uma risada cheia de chiados, como se fosse alguém com dificuldade para respirar, mas que estivesse rindo muito, aquilo fez eu ficar paralisado, fiquei ainda esperando ouvir mais alguma coisa e realmente ouvi: o barulho de água correndo. Acendi todas as luzes e fui ver o banheiro e estava inundado, com um sabonete no fundo da pia que impedia que a água escorresse normalmente para o ralo da pia, então ela estava transbordando e a água caindo pelo armário de fórmica e o chuveiro também estava ligado, o banheiro todo inundado e já molhando todo o corredor. Aquilo foi o suficiente para eu perder o sono de vez. E quando terminei de secar tudo, resolvi fazer um café e esperar a hora de sair de casa, não tinha mais clima para dormir.

Ficava pensando o que poderia estar fazendo aquilo. Claro que no fundo, no fundo só poderia ser algo sobrenatural, não tinha outra explicação para aquilo, ainda mais que depois disto, mais alguns dias se passaram e novamente as torneiras e chuveiros ligados e as toalhas dentro do armário debaixo da pia estavam todas encharcadas. Não tinha sossego e ficava muito amedrontado.

Um dia estava lendo antes de dormir quando a lâmpada do quarto piscou algumas vezes e queimou, tratei logo de trocá-la e mal havia rosqueado e desarmado a escada e começado a ler novamente quando esta lâmpada também queimou. O que fez eu comprar mais algumas no dia seguinte e quando troquei essa lâmpada e coloquei a outra e desarmei a escada ela estalou e queimou, quando fui verificar ela tinha quebrado mesmo.

Claro que a essa altura eu não dormia mais sem as luzes ligadas porquê morria de medo de que algo maior pudesse acontecer ou que pudesse ver. Acordei no meio da noite e a lâmpada do corredor estava piscando como querendo queimar, mas depois voltava ao normal. E depois começava a piscar e ficar fraca e piscava mais algumas vezes e voltava ao normal. Por mais que tentasse ignorar era impossível. Não conseguia mais me concentrar no trabalho e uma amiga do trabalho disse que era tudo alucinação minha, eu então convidei ela para passar uns dias lá em casa e ela topou. Nos primeiros dias ela ficava me encarnando dizendo ... está vendo? não acontece nada, absolutamente nada. Mas depois de uma semana ela mudou de idéia, porque ela estava no quarto do lado dormindo e eu fui acordado com ela aos berros e quando eu cheguei correndo e acendi a luz, ela disse que algo pesado se jogou em cima dela e depois rolou para fora da cama. Eu ainda fiquei olhando pelo quarto e embaixo da cama e ela ficou sem graça e eu disse ..... não é você mesmo que diz que não acontece nada? ela ficou com cara de taxo e no dia seguinte arrumou as suas coisas e se mandou.

Mais algumas noites e fui eu que dei um berro, mesmo com as luzes acesas, eu senti aquela risada de alguém com bastante falta de ar, só que dessa vez era bem alta e depois fiquei ouvindo palmas, saí meio que correndo e ao entrar no corredor pisei em algo escorregadio e cai no chão batendo com a cabeça e quando dei por mim estava todo molhado. Fui tateando o interruptor com o coração batendo a mil e descobri em que eu havia pisado em um sabonete e o banheiro e o corredor estavam alagados. A cabeça latejava bastante e botei a mão nela e olhei a mão e escorria sangue da cabeça e a risada estava mais forte ainda. Fiquei apavorado. Fechei rapidamente o registro e acabei indo dormir no carro.

Na hora de tomar banho evitava ficar com os olhos fechados. Estava inverno no Rio de Janeiro então o banho só com água bem quentinha e de repente vinha um jato de água gelada nas costas e no corpo todo, chegava a dar um pulo de susto por causa do corpo quente recebendo um jato de água fria. Um técnico veio ver o aquecedor, mas disse que ele estava bom, sem ter apresentado nenhum problema. No banheiro também tinha mania da lâmpada estalar dentro da cúpula do banheiro do teto e as lâmpadas da parede, junto ao espelho, sempre ameaçavam queimar e muitas vezes quando estava no meio do banho, então tratava logo de me apressar no banho com medo de ficar ali no escuro.

No meio da noite as vezes acordava também com barulho de algo de metal arrastando e barulho de serrote e quando ficava parado prestando atenção o barulho parava. Ouvia barulho de coisa quebrando, tipo um vidro, um jarro sendo quebrado e quando ia verificar não tinha nada no chão. Mas teve um dia que ouvi um desses barulhos de coisa quebrando e realmente o vidro da janela do outro quarto estalou todinho. A tomada do banheiro também, as vezes dava choque quando eu ligava ela. Não era um choque grande, mas o suficiente para tremer e tirar rapidamente a mão assustado.

Tinha um lustre na sala que era da minha avó, era uma antiguidade e ele era meio grande e com um vidro leitoso muito bonito, um dia ele despencou quando estava comemorando o aniversário de minha prima lá em casa, ele só não quebrou todinho porquê quando ele caiu lá de cima a própria fiação ainda segurou ele o que fez com que não caísse direto no chão e sim meio que lentamente. Mas tenho certeza que estava bem preso quando foi colocado, porquê tinha muito cuidado com coisas suspensas e verificava sempre se estavam bem seguras depois de instaladas.

As luzes continuavam com problema, principalmente a do meu quarto e a da cúpula do teto do banheiro. O vidro da janela que havia sido trincado foi trocado. A própria cúpula da luz do banheiro também rachou de uma ponta a outra em questão de um dia, caindo um pedaço no chão. As vezes sentia um forte cheiro de naftalina, de coisas velhas guardadas e que não tinham explicação nenhuma, cheiro de mofo, mas não tinha razão para isto, porque os cômodos estavam sempre bem arejados e aquele cheiro de naftalina as vezes era tão forte que chegava até a irritar o meu nariz.

Eu possuía um grande quadro que ficava no outro quarto e também tinha um crucifixo pendurado na parede oposta e um dia o quadro caiu e no dia seguinte foi o crucifixo que caiu.

A porta da cozinha as vezes batia com tanta força que a chave saia da fechadura e caia no chão, as pancadas chegavam a deixar marcas na porta. Havia um barulho parecido como o de uma lâmina ou folha de alumínio sendo balançada com força e havia barulho de tecido sendo rasgado.

Meu irmão chegou de viagem e foi dormir lá em casa e o pior estava por vir, quando eu estava dormindo e de repente senti algo subir na cama e me pisar e era algo invisível e continuava a me pisar e se jogou em cima de mim e depois rolou para fora da cama, tal como em parte minha amiga tinha falado. Estava com a luz do abajur ligada e não vi nada, olhei a toda volta e também não havia nada, absolutamente nada, neste momento estava com o coração disparado e ofegante. Ouvi meu irmão me chamar do banheiro, pulei correndo da cama e acabei metendo o pé na água porquê mais uma vez a torneira do banheiro estava ligada e a pia transbordava e ele já estava fechando as torneiras e ao mesmo tempo me perguntava como eu havia esquecido de fechar tudo e no momento em que terminava de fechar as torneiras e o chuveiro, uma luminária do quarto que ele dormia foi arremessada com violência na parede do corredor. Nós tratamos de sair de lá rapidamente e voltamos no dia seguinte.

No dia seguinte, vimos que a luminária estava espatifada no mesmo lugar no corredor e vimos parte de suas roupas que estavam na mala de viagem tinham sido jogadas por todo o quarto e ele disse que estava tudo arrumado quando saiu do quarto para fechar a torneira, quando acordou na noite anterior com o barulho forte de água caindo e foi ver o que era, mas quando saiu da cama teve a impressão de ter visto alguém atrás dele no espelho que havia neste quarto, tendo tomado o maior susto. Ele disse que até pensou que era eu, mas logo recuperado do susto foi fechar a torneira, quando eu apareci em seguida. Ele disse que aquilo não era coisa deste mundo e tive que concordar com ele. Tratei de me mudar o mais rapidamente possível.

Wladimir - Rio de Janeiro - RJ


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