segunda-feira, 15 de julho de 2013

O 'Papa-Fígado'


Dizem que, no século XIX, no Recife, o chefe de uma família rica sofreu de uma grave enfermidade. Ficou pálido, recluso e abatido. Os médicos falavam de uma "doença do sangue", só que não conseguiram encontrar uma medicação eficiente. Não havia quem não se assustasse só de olhá-lo. Para uns, mais supersticiosos, ele estava virando um lobisomem. 



Até que um negro velho, empregado da família, falou para o senhor que o remédio era "figo" de criança nova, que no vocabulário do velho, era fígado. O próprio velho saía pelas ruas com um saco nas costas, pegando os meninos: quanto mais gordos e corados, melhor. Quando perguntavam, dizia que levava ossos de boi e de carneiro para refinar açúcar.


Na casa grande, o fígado era retirado, e com o passar do tempo e com a utilização do "remédio", o senhor melhorou.

Mas não foi só um papa-figo que aterrorizou o Recife. Nos anos 30, dizia-se que uma doença semelhante atacou outro senhor, que vivia na Avenida Malaquias.

Dizem, que, numa dia chuvoso, dois rapazes passaram por lá à procura de emprego. Um deles resolveu entrar, e disse para o colega esperar do lado de fora. Passaram-se dez, vinte, trinta minutos, e nada do rapaz aparecer. O amigo sentou-se na calçada e ficou observando as folhas que vinham pela canaleta, com a água da chuva. Qual foi a surpresa do amigo ao ver, na canaleta, junto às folhas, vir rolando uma coisa realmente macabra: a cabeça do seu amigo. Saiu dali o mais depressa que pôde e contou para quem quisesse ouvir.


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