Eu acordei suando frio. Depois de jogar os meus lençóis
encharcados pra fora da cama, me levantei, sabendo que não iria dormir
novamente após meu ultimo pesadelo. Eu normalmente não me assusto facilmente
por eles, especialmente pelo fato de eu ter um jeito estranho de saber quando
estou ou não em um sonho. Mas desta vez foi diferente.
O sonho começou comigo de pé em uma rua residencial mal
iluminada, uma que eu conhecia, mas não consegui me lembrar de onde ou
quando.
A cena era desprovida de qualquer cor, exceto pelo brilho laranja escuro
das
lâmpadas de rua que enchiam a estrada. Enquanto caminhava, eu me
perguntava
onde estava e como cheguei lá, já que eu não tinha nem minha carteira
nem meu celular
em mãos. Em uma pequena curva da estrada, eu parei na esquina para olhar
em
volta e me orientar. De repente, uma das lâmpadas da rua a minha direita
piscou
repetidamente, até se estourou sozinha. Fiquei bastante assustado nesse
ponto,
pois antes disse, só havia silêncio. Em seguida, mais lâmpadas piscaram e
e estouraram em volta de mim, de ambos os lados, até que a única que
restou foi a que estava logo acima de mim.
Eu podia sentir meu coração batendo, quando recuei mais próximo
da única fonte de luz, até que chegar ao ponto de segurar firmemente o metal
frio do poste nas minhas costas. Na distância, eu pude ouvir passos que se
deslocam em minha direção, diretamente na minha frente, e em seguida, mais
passos vinham de ambos os meus lados. Estava tudo escuro em volta de mim, além
da fraca lâmpada sobre minha cabeça, e uma parte de mim sabia que eu corria
mais perigo sob a luz do que lá fora, no escuro, mas eu não me importei. Os
passos ficaram cada vez mais próximos e mais altos, até que finalmente vi algo
entrar em minha cúpula de proteção iluminada.
Na beira do alcance da lâmpada, algo entrava na luz, então
eu só podia ver suas pernas até o joelho. Elas eram muito grossas e negras,
como se fossem feitas de cinzas. Em volta de mim, quatro ou cinco das criaturas
também entravam na luz, cada um idêntico ao primeiro. Desesperado, eu afundei até
encostar-se ao chão, ainda mantendo minhas mãos entrelaçadas no poste. A
primeira criatura já estava bem na minha frente. Seu movimento era rígido e
lento, e antes de ver seu rosto, eu fechei fortemente os olhos (um truque que
eu usava muitas vezes para acordar de pesadelos). Depois de alguns segundos, eu
os abri, esperando estar de volta à realidade.
Ao invés disso, eu vi a criatura cara a cara para mim,
ajoelhando-se, olhando diretamente nos meus olhos. Ela era totalmente negra, e
tinha uma forma humana esbelta, mas sem características visíveis, além de suas
frias, afundadas órbitas oculares. Paralisado de medo, eu encara seu rosto, até
perceber que o resto de seu grupo começou a se ajoelhar e olhar em minha
direção também. Eu assisti com horror enquanto todos eles me encaravam sob a luz
da lâmpada. De repente, todos eles sussurraram algo quaseinaudível, em uníssono:
"12:37". Eu caí no chão, exausto de repente, e a primeira criatura
seguiu meu olhar, até que eu desmaiei, e finalmente acordei.
De volta à realidade, eu me levantei e estava no meu caminho
para pegar um copo de água, até pensar no que poderia fazer com o resto da
minha noite. Eu acendi a luz do corredor e desci as escadas em direção à cozinha.
Depois de alguns goles de água, notei o hora que estava no micro-ondas: 12:37.
Eu ri com a coincidência.
Até que ouvi a lâmpada de meu quarto estourar.
Sem comentários:
Enviar um comentário