terça-feira, 16 de julho de 2013

Os Rugrats: A Origem de Dil



Quando era criança, eu adorava assistir desenhos animados ao sábado de manhã. Eu vivia para eles. Quando os Nicktoons originais começaram a aparecer aos poucos, eu rapidamente me apaixonei por todos eles, e decidi que um dia queria trabalhar pra Nickelodeon. No início de 2002, tive meu desejo realizado. Candidatei-me e consegui um emprego lá no estúdio... Como zelador.

OK, isso não era bem o que eu queria, mas planejava conseguir um emprego mais envolvido na área dos desenhos mais tarde, e nesse meio tempo eu considerava um grande prazer somente estar lá dentro. Um dia, me disseram para trocar uma lâmpada quebrada na biblioteca de animação. Isso me deixou muito animado, pois eu finalmente poderia dar uma olhadinha em todos os desenhos que não foram ao ar!

Para minha surpresa, a "biblioteca" era mais do que apenas uma sala cheia de estantes. Era mais como um closet gigante. As prateleiras estavam lotadas de rolos de filme, rotuladas com nomes de vários desenhos e filmes que, por alguma razão, nunca foram ao ar. A maioria estava incompleta, e alguns não foram considerados engraçados ou divertidos o suficiente para serem mostrados ao publico.

No final da sala, havia uma pequena caixa de papelão encostada num canto contendo cerca de 50 dispositivos de memória (pen drives). Quando terminei de trocar a lâmpada, decidi dar uma olhada neles. Todos eles eram brancos, e rotulados com um canetão preto. Dei uma rápida olhada neles, mas de todos, somente 2 prenderam minha atenção.

O primeiro era alguma espécie de filme chamado "Crybaby Lane". O outro era intitulado "Rugrats - Dil". Eu nunca havia ouvido falar do primeiro, mas eu amava Os Rugrats, então coloquei o pen drive no bolso e decidi levá-lo para casa comigo naquela noite. Eu devolvê-lo-ia na parte da manhã, e ninguém ficaria sabendo.

Assim que cheguei em casa, pluguei o pen drive a uma porta USB e o abri. Como eu esperava, ele continha um arquivo em format AVI. Cliquei nele duas vezes, e o video começou.

Ao contrário de outros episódios, era uma abertura bem fria. Surpreendentemente, a animação era no mesmo estilo da do primeiro filme, com uma qualidade muito alta para o desenho. Estranhamente, a casa parecia mais escura do que deveria ser. As janelas estavam fechadas com tábuas, e parecia haver uma camada de pó por cima de tudo.

Tommy estava sentado em sua cadeirinha, e sua cabeça estava descansando na bandeja. Ele olhou para cima um pouco, e seus olhos estavam horrivelmente afundados. Seu estômago estava inchado, e ele estava perigosamente magro. O pobre Tommy não havia comido durante dias!

Porem, quando pensei que as coisas não poderiam piorar, a cena mudou para a sala de estar. Havia um vulto estranho pouco depois do interruptor de luz, e ele estava preso de cabeça pra baixo no teto. Didi estava sentada em uma cadeira de balanço, segurando um pacote. Ela parecia estar cantando uma canção de ninar entre choros e soluços.

A câmera voltou-se para revelar o que ela estava segurando: Um pequeno feto de madeira, com uma crosta branca em volta da sua boca. Didi estava segurando uma garrafa vazia na boca do feto, e continuava a cantar aquela canção de ninar. A cena mudou para os créditos finais naquele ponto, porém o texto estava em cirílico, e eu não consegui lê-lo. A canção também fora abrandada um pouco.

No dia seguinte, levei o pen drive de volta e nem sequer puxei esse assunto com o pessoal. No entanto, depois do trabalho, um deles se aproximou. Ele nunca me explicou como sabia que eu havia pegado aquele pen drive, mas era óbvio que sabia. Ele me disse que em meados dos anos 90, a Nickelodeon havia contratado uma escritora conhecida por eles apenas como "Susan".

Ela havia escrito alguns scripts decentes, embora que a maioria havia sido guardado pra depois, em favor de outros scripts. Ela tinha um filho muito jovem, e havia tirado uma licença para uma segunda gravidez... No entanto, o segundo filho era natimorto. O trauma resultante destruiu seu relacionamento com seu marido, que acabou deixando-a.

Semanas depois, as pessoas haviam ficado preocupadas, e chamaram a polícia pra verem como ela estava. O policial que chegou em sua casa descobriu que ela tinha pendurado toalhas por cima das janelas. Investigando a casa com uma lanterna, ele descobriu que Susan estava morta em uma cadeira de balanço, segurando o que restara do feto. Na cozinha, a cadeirinha estava coberta por uma massa de moscas e baratas. Não precisou de um especialista para saber o que estava debaixo delas...

De acordo com meu novo amigo, o episódio que vi foi o último que ela havia escrito antes de sua licença e morte. Aparentemente ela havia ficado acordada a noite inteira fazendo toda a animação sozinha.

Continuei a trabalhar lá por vários anos até algumas novas oportunidades aparecerem. Mas até meu último dia de trabalho, eu nunca mais voltei para aquela biblioteca novamente.

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