sábado, 20 de julho de 2013

CANTO DO DIABO

Essa história é real. Os eventos que ocorreram aqui são algo que eu e o meu tio nunca vamos esquecer.

Eu tenho agora 27 anos e essa história ocorreu quando eu tinha 19. O meu tio também tinha 19 na época. Meu tio e eu crescemos juntos no interior de Goiás. Eu não gostaria de dizer o exato local (por razões pessoais) no momento. Nós morávamos a dois quilômetros e meio de um rio que passava pelo meio de uma floresta. O único meio que se podia chegar no rio no ponto onde nós sempre íamos era a pé, bicicleta, cavalo ou por moto.

Enquanto crescíamos, nós íamos quase todo dia para a floresta para pescar no rio. Depois de um tempo nós começamos a acampar por lá também. Certo dia, nós dois estávamos esperando um amigo de fora da cidade aparecer. Esse amigo geralmente vinha nas tardes de Sexta e passava o final de semana conosco e eventualmente vinha acampar com a gente. Infelizmente dessa vez ele não pode vir. Meu tio e eu então fomos para a floresta carregando os nossos equipamentos. Nós não fomos para o ponto da margem do rio que nós geralmente íamos dessa vez, nós fomos um pouco mais adiante , cerda de meio quilômetro, só para uma mudança de cenário.

Mais tarde naquela noite nós nos arrependeríamos dessa decisão.

Nós escolhemos aquele lugar porque era alto, cerca de 100 metros acima da margem do rio, e tinha a forma de uma ponta. Três dos seus lados desciam até o rio onde ele fazia uma curva e deixava o lugar parecendo uma ilha, só com um lado (atrás) sem estar cercado pela água, então tinha uma bela vista durante o dia.

A noite começou como qualquer outra das nossas viagens de acampamento. Nós juntamos madeira o suficiente para a nossa fogueira ficar acesa a noite toda. Enquanto o sol se punha nós nos sentamos e conversamos sobre várias coisas. Nós conversamos por horas. Era provavelmente entre 11pm e meia noite quando o inesperado começou a acontecer. Nós tínhamos acabado de nos deitar e estávamos nos enrolando nos nossos sacos de dormir quando nós ouvimos "CRAC". Era como se alguém ou algum bicho tivesse quebrado um galho. Nós não demos muita importância para isso. Nós só imaginamos o que podia se e começamos a nos arrumar para dormir de novo.

Quando estávamos quase dormindo ouvimos de novo "CRAC". Esse tinha sido bem mais alto, e um pouco mais perto do que o outro, provavelmente 1/3 do caminho até a base de um dos lados que desciam até o rio. Nós não nos preocupamos muito, já que tínhamos uma escopeta calibre 12 conosco e bastante munição. Mas nem preciso dizer que nós não queríamos dormir agora, porque se tinha algum bicho selvagem subindo na direção da gente a ultima coisa que queríamos, era estar dormindo.

Nós dois nos levantamos e colocamos mais madeira na fogueira. Me tio iluminou com a lanterna todos os lados da descida e atrás de nós. Não vimos nada. Decidimos conversar um pouco antes de tentar dormir. Meia hora passou. Nós estávamos pensando em deitar quando ouvimos o que parecia ser passos e os arbustos chacoalhando. Também notamos vários barulhos, como se fosse galhos quebrando. Agora estava um pouco mais perto. Nós achamos que estava na metade do caminho da descida. Nós simplesmente ficamos ali parados escutando e iluminando toda a nossa volta com a nossa lanterna.

O som estava ficando cada vez mais alto e perto. Estava se movendo como um esquilo, mas era tão barulhento quanto um cavalo. Parecia que estava dando a volta onde estávamos. Não só isso, mas estava ficando cada vez mais rápido e cada vez mais perto do nosso acampamento com cada volta que dava.

Meu tio pegou a escopeta, já que não sabia mais o que fazer. Eu peguei a lanterna e iluminei exatamente onde nós estávamos ouvindo o barulho, mas não vi nada. Tudo o que podíamos ver eram folhas voando e arbustos se mexendo como se algo estivesse correndo entre eles. Nós tentamos não entrar em pânico, mas nós sabíamos que isso não era algo terreno. Meu tio mirou numa área que estava a uns 20 metros da gente, onde eu estava iluminando agora, e atirou. O barulho e a movimentação parou imediatamente. Nós nos sentimos um pouco relaxados, mas estávamos chocados. Nós conversamos sobre o que poderia ser, e se tinha a possibilidade de ser algum animal. Nós dois concordamos que não podia ser nenhum animal que conhecíamos.

Depois de meia hora começou de novo. Começou lá embaixo perto do rio e começou a rodar de novo o acampamento e a chegar bem perto de nós. Dessa vês nós tentamos não atirar o máximo de tempo possível. O som chegou a 10 metros de nós e o meu tio atirou de novo. De novo, tudo ficou em silêncio. E o resto da noite foi assim. A cada meia hora, o barulho começava de novo, lá de baixo.

O que quer que fosse, não podia ser visto, mas o efeito daquilo no ambiente podia ser visto e ouvido. Duas vezes o meu tio deixou aquilo chegar a menos de 5 metros de nós, antes de atirar, mas mesmo assim não conseguimos ver nada. E sempre começava de novo a cada meia hora, até a aurora. Até hoje eu estou meio confuso. Nós contamos para varias pessoas sobre o que aconteceu mas para saber realmente como foi, você tinha que estar lá. Nós não dormimos naquela noite e também nunca mais voltamos lá. Meu tio e eu conversamos sobre isso muito de vez em quando. Entre nós dois e algumas pessoas que nós contamos o que aconteceu ali, aquele ponto do rio ficou conhecido como "o ponto do diabo". Eu gostaria de saber o que era que tinha lá. A única coisa que nós comentamos sobre aquilo era que nós agradecemos por estar com uma arma, e nós sempre imaginamos o que poderia ter acontecido se tivéssemos apenas ficado sentado lá sem fazer nada.

Agora eu moro longe de onde aconteceu isso tudo, mas planejo voltar para lá no ano que vem. Eu gostaria de mostrar para algum grupo de investigadores onde aquele lugar é. Mas eu não ficaria lá de noite.

Nelson - Anápolis - GO 

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