terça-feira, 22 de dezembro de 2015

16º ANDAR



Em janeiro de 2003 eu e uma turma de amigos partimos para a cidade de Porto Alegre com o objetivo de freqüentar o Fórum Social Mundial, sendo que ficamos durante o período de uma semana.

Em nossa estadi
a ficamos no apartamento de uma amiga em um prédio da cidade. E foi ali que tudo aconteceu.
O centro da história não se baseia no objetivo da viagem, mas sim no prédio em que ficamos.
Como o prédio em que nossa amiga moraVA se localizaVA bem na zona central da cidade, ele possui uma história muito longa, sendo muito antigo e muito grande.
Sua estrutura interna, como as paredes, eram de madeira, dando um ar antigo porém clássico; parecia que muita coisa já havia acontecido ali.
O ar também não era comum, dando a impressão que ao entrar no prédio, nos sentíamos em outro mundo, mas o que mais marcou mesmo foram os 2 elevadores de madeira quebrando o silêncio por misteriosos estalos, que a princípio, pensávamos ser causados pela sua mecânica bem antiga.

Nenhum dos companheiros da turma tinha claustrofobia, mas, quase que inevitavelmente ao entrarmos no elevador, sentíamos uma horrível sensação de sufocamento e mal-estar.
No meio daquela semana, em uma noite faltou bebida no quarto, sendo que eu e mais dois amigos ficamos encarregados de comprar cerveja às 3 horas da madrugada (sabe como é, a famosa bagunça em turma).
No momento em que voltamos da nossa busca frustrada, entramos no elevador da direita, pois já estava esperando no térreo (curiosidade: descemos com o elevador da esquerda).
Entramos, e todos são testemunha que pressionei o botão do 7º andar.
Estranhei e comentei com o pessoal que estava demorando para chegarmos em nosso andar.
Quando começamos a contar os pilares, notamos mais de 10 andares passando por nós.
Misteriosamente o elevador parou no 16º andar, sem abrir as espessas portas de madeira oca.
Um terrível silêncio tomou conta do ambiente, enquanto olhávamos um para o outro abismados e ao mesmo tempo buscando alguma explicação para tudo aquilo.

De repente, ouvimos um motor acionando com o ruído bem próximo da gente, e por isso deduzimos que estávamos perto do último andar do prédio.
Conseguimos também ouvir que o elevador da esquerda parou no mesmo andar que o nosso abrindo suas portas, e segundos depois, abrem-se as portas do nosso elevador.
Todos apavorados saem imediatamente do elevador e observam que não tem nenhuma pessoa conduzindo o outro elevador.
Então descemos rapidamente pelas escadas até o 7º andar.

Dois dias depois, ficamos no prédio novamente durante a noite e em todo o tempo em que não conseguíamos dormir, ouviamos claramente que os elevadores não pararam de funcionar, e isso tudo já era de conhecimento de toda a turma.
Às vezes alguns ruídos mais altos me despertavam novamente.

Na manhã seguinte resolvemos comentar os fatos para o dono do bar onde tomávamos nosso café da manhã.
Ele nos olhou com seriedade e ao mesmo tempo com um ar de quem já tinha ouvido muitas vezes a mesma história.
Então nos contou que no século passado o prédio era um hotel, e nele trabalhava um homem que dedicara a vida ao bem-estar e limpeza do local.
Era responsável por toda a manutenção do prédio, bem como dos elevadores, sendo que um fato horroroso acabou com a história do hotel.
O homem, cujo ninguém se recordava o nome, no dia da manutenção dos elevadores, estava ajustando a altura que o equipamento pára em relação aos andares.
Seu alinhamento estava muito acima do normal.
Não se sabe como, mas dizem que ele acabou caindo do 16º andar quando entrou no espaço destinado à ocupação do elevador, mas este não estava no mesmo andar.

Enfim, dentro da realidade... a gente até hoje se pergunta: isso foi uma simples coincidência?
Achamos que sim, mas a partir dessa temporada todos nós passamos a usar as escadas.

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