terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A TRILHA DO MEDO



Era Sexta Feira. Todos estavam ansiosos para sair da escola. Ninguém estava ouvindo os professores, afinal era SEXTA FEIRA! No segundo que o sinal bateu, todos voaram de dentro da escola, e se mandaram para aproveitar o final de semana.

A nossa cidade é relativamente pequena. Foi fundada entre 1880 1890, não lembro direito.
Na região da cidade tem um lago.

Em uma sexta feira a noite, em uma cidade pequena como a nossa, adolescentes ficam entediados facilmente.
Claro, você pode assistir TV e sentar por ai, mas isso se torna cansativo facilmente.
Então desesperados para nos livrarmos de uma prisão entediante, os meus amigos e eu decidimos nos aventurar na noite.

Nós fomos em praticamente todo os lugares da cidade que se dá para ir. Então decidimos ir para a floresta na parte sul do lago, um lugar que todos subconscientemente evitavam ir.
Como ninguém do nosso grupo tinha ido para lá pensamos "é, a gente não tem nada melhor para fazer..."
Nós pegamos o carro do irmão mais velho de um cara do nosso grupo e fomos para lá.

Nós paramos o carro no começo da trilha que levava para o lago e seguimos o resto do caminho a pé.
Era uma trilha estreita, que entrava e saia da floresta. Era uma noite quente com uma brisa gostosa assoprando o seu rosto, lembrando que o verão já está chegando.
Nós andamos e andamos e chegamos em uma ponte. Essa ponte era bem nova. Nós paramos nela e começamos a jogar pedras e madeira na água, e ficamos falando sobre a escola e outras coisas.

Nós estávamos lá conversando quando alguém notou que perto da ponte tinha uma pequena velha doca, mas não era simplesmente velha, era MUITO velha. Os pregos eram tão velhos que a ferrugem transformou eles em pequenos palitinhos. Também tinha uma árvore do lado dele, e os galhos se entortavam e quase encostavam na água.
Alguns galhos chegavam até o final da doca.

Todos nós estávamos olhando para a água na beirada da doca e notamos bolhas subindo para a superfície.
No começo não demos muita atenção para isso, imaginando que podia ser algum sapo.
Mas então as bolhas foram ficando cada vez maiores e foram subindo cada vez mais rápido.
Nós estávamos com os olhos grudados naquilo, nunca tínhamos visto algo assim.
Estava bem interessante, até que nós vimos o que estava fazendo aquilo.

O tempo que nós levamos para sair correndo e entrar na floresta foi o tempo que eu tive para dar uma olhada naquilo. Tinha uma aparência humana, a pele estava grudada nos ossos. Os olhos foram algo que não da para esquecer facilmente, eram saltados para fora do rosto como se aquilo tivesse levado uma paulada na cabeça.
Não tinha vida nenhuma neles. Quando nós já estávamos quase fora do campo de visão eu vi uma coisa que me fez a minha espinha gelar. Uma mão saiu da água e se apoiou no chão da doca, como se tivesse puxando algo.

Quando chegamos no carro nos jogamos dentro dele. Já estávamos mais calmo lá dentro e começamos a rir da cara apavorada um do outro. De repente uma pedra um pouco menor que uma bola de tennis atravessou a janela.
A risada deu lugar aos berros e o carro disparou.

Eu estava no banco de trás com outro cara, e no chão, atrás do banco do motorista, estava aquela pedra molhada e cheia de musgo.
Nós nunca mais voltamos lá.

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