terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A CASA ASSOMBRADA DO VALE

"Um lugar afastado, praticamente abandonado. O silêncio e a tranquilidade predominando em um ambiente onde já foi habitado à muito tempo por várias famílias, sendo o seu passado desconhecido.
Poderia um lugar como esse ser perturbado por entidades do além ou de outra dimensão?"


Segundo o relato à seguir, nem mesmo os locais mais esquecidos e afastados podem estar livres de seres do desconhecido!

Dessa vez seria diferente, eu pensei. Mas lá estava eu, sem dinheiro, sem trabalho, no meio do nada e morando em uma casa realmente assustadora e assombrada, a ultima coisa no mundo que eu queria.
Tudo começou quando eu decidi fazer uma nova tentativa de sair da cidade grande de uma vez por todas.
Eu odeio cidades grandes, mas sempre que acabava em uma para conseguir me sustentar financeiramente.
Esta é uma história, honesta e verdadeira sobre a casa assombrada onde eu fui parar.


Ela era isolada do mundo e o vizinho mais próximo ficava a mais de cinco quilômetros de distância.
Era o começo do verão e eu estava ansioso por sair da Grande São Paulo... de novo.
Finalmente depois de ter procurado em todo lugar, eu consegui um emprego como técnico de uma rádio em uma cidadezinha do interior paulista.
A cidade ficava a cerca de trinta quilômetros do vale quase inabitado onde eu esperava morar de novo.
Eu fui para a estação de rádio assim que cheguei na pequena cidade.
E depois de apresentações e ouvir o que era esperado de mim no
erviço, eu fui para o meu vale favorito.
Tudo estava um mar de rosas, pelo menos no começo.
Eu tinha alguns amigos no vale de quando eu morei ali antes, então eu achei que poderia ficar com eles até arranjar um lugar meu.
Depois de duas semanas, as coisas não estavam indo tão bem na estação de rádio.
Eles tinham mudado de idéia quanto a ter um técnico período integral lá.
No entanto, isso não acabou com as minhas esperanças de conseguir um bom emprego em outro lugar e conseguir ficar na região.

Eu já tinha visto várias casas para alugar, mas nenhuma me agradou muito.
Um dia finalmente, eu vi um velho amigo (Beto) e a sua recém casada esposa.
Ele também estava procurando um lugar para alugar e tinha algumas idéias que eu não tinha pensado.
Tinha um lugar que ele me descreveu que parecia ser maravilhoso.
Era uma casa de fazenda velha de dois andares, seis quartos, completa com celeiros e estábulos.
A casa estava a quinze quilômetros da cidade mais próxima e para chegar bela tinha uma estrada muito pouco usada.
O aluguel na época era de R$ 75,00 por mês.
O proprietário tinha baixado o aluguel da casa em troca de reforma feita nela, segundo Beto.
Eu estava começando a me animar, até que a sua querida esposa acrescentou que a casa era assombrada.
Como era a primeira vez que eu encontrava a esposado Beto, eu não sabia o que pensar.
Beto não era nem um pouco supersticioso.
E julgando pelo que eu tinha ouvido falar sobre a mulher dele, ela também não era. Mesmo assim, eu resolvi ir ver a casa.
Talvez ela não gostasse de casas antigas que precisassem de reforma.

Eu consegui chegar na casa no começo da tarde.
Era um verão quente e o ar fresco e as montanhas (serra) ao longe deram um ar muito atraente à casa.
Eu podia ver o celeiro e outras construções ao longo do terreno.
Quando eu me aproximei da porta da frente, eu notei que a maioria da madeira estava podre e tinham caído durante os anos, deixando a varanda intransitável.
Então eu lembrei que o Beto me falou para entrar pela entrada de trás da casa.
Eu fui lá pra trás e entrei na cozinha, pensando como seria bom morar em uma casa de fazenda.
Lá dentro eu fui recebido pelo som de uma torneira vazando. Eu fui para a pia e tentei, em vão, desligar a torneira.
Isso só piorou as coisas, começou a sair mais água. Então eu decidi deixar isso pra lá e continuar com a minha visita.
A cozinha era gigantesca (do tamanho de muita sala) com um teto bem alto, com armários grandes com porta de vidro.
Depois de ter olhado a cozinha e a fria despensa com entrada do lado da cozinha, eu continuei para a sala de estar.
A sala de estar devia ser duas vezes maior do que a cozinha, com um teto igualmente alto.
Eu estava cada vez mais empolgado. Saindo da sala eu entrei em um corredor que levava para a parte da frente da casa.
Do lado esquerdo do corredor tinha o único banheiro da casa.

Continuando pelo corredor tinham quatro quartos, sendo que três tinha janelas que davam para a frente da casa.
Dois dele tinham portas para fora da casa que davam para a varanda.
Eu ficava cada vez mais ansioso por morar naquela casa quanto mais eu olhava ela.
Tanto que eu até tinha esquecido o comentário que a esposa do Beto tinha feito.
Depois de ter feito o tour pela parte de baixo da casa, eu subi para ver o andar de cima (a casa originalmente tinha sido construída sendo quatro quartos e o banheiro; a cozinha, a sala e a parte de cima, que pegava metade da casa, tinham sido construídos depois).
A escada dava para um corredor que ia de uma ponta a outra da parte de cima da casa.
Na esquerda do corredor tinha um pequeno quarto (um depósito) com material de construção e alguns restos de madeira.
Para a direita tinha uma porta que dava para um quarto com porta, maçanetas, janela, lustres, tudo num estilo antigo, meio colonial.
Eu estava pensando que era uma casa maravilhosa.
Agora eu estava indo em direção do outro quarto no final do corredor, que estava com a porta fechada.
Quando eu abri a porta e entrei notei que o quarto tinha sido reformado recentemente, com papel de parede e tudo.
Então finalmente começou: Quase que imediatamente quando eu entrei no quarto, eu não me senti muito confortável.

Parecia que a minha cabeça tinha parado de funcionar.
Apenas a alguns momentos olhando a casa, parecia que era um sonho virando realidade.
Mas no entanto, assim que eu entrei nesse quarto eu não sentia nada.
Só a impressão de que tinha alguém me olhando à minha direita, que era a frente da casa.
Eu virei nessa direção e notei que um buraco tinha sido cortado na parede perto do chão e estava coberto por um saco plástico preso com fita adesiva na parede.
Era provavelmente a entrada para o forro da parte original da casa.
Eu fui até o buraco, e tirei o plástico para poder olhar lá dentro.
Talvez foi porque os meus olhos não estivessem ajustados com a escuridão, mas eu tive a impressão que vi um par de olhos me olhando da escuridão. Então veio os barulhos: estalos na madeira, como se alguém estivesse vindo do forro na minha direção bem devagar.
Eu senti uma sensação estranha, mas parecia que nada estava se mexendo ali dentro, só que os olhos não estavam mais lá.
Eu coloquei a cabeça á dentro e olhei de um lado para o outro, mas só via sombras da madeira da estrutura.
Eu decidi que era só a minha imaginação, então coloquei o plástico de volta no lugar e me virei para ir embora.
Mas eu simplesmente não conseguia me livrar da sensação de que eu estava sendo observado enquanto eu saia do quarto.
Eu abri a porta, sai e fechei a porta atrás de mim. Enquanto eu descia a escada eu tentei esquecer aquela sensação estranha que eu senti no quarto. De novo, eu estava encantado com o lugar.

Eu fui para a cozinha e sai da casa e me afastei uns trinta metros da casa e dei uma boa olhada em volta, pensando como ia ser bom morar em um lugar como aquele. Subitamente eu senti que estavam me observando de novo.
Eu olhei na direção de onde vinha a impressão, e era bem em uma entrada de ar que tinha na lateral da casa onde ficava o forro da parte original da casa. Eu não conseguia esquecer ignorar aquela sensação, não importa o quanto eu tentasse.
Depois que eu voltei para a cidade, eu acabei esquecendo a parte esquisita da visita e só podia pensar na parte boa e de como eu tinha gostado do lugar. Mas eu realmente não estava muito a fim de me mudar para lá sozinho, então eu coloquei isso de lado por um tempo.
Alguns dias depois eu recebi um telefonema avisando que o meu irmão e um amigo dele estavam vindo me visitar.
Eu sabia que o meu irmão queria sair da cidade tanto quanto eu.
Ele sempre falava em vir para o interior morar comigo.
Quando ele chegou ele me falou que o amigo dele e ele queriam ficar comigo o verão todo. Finalmente!
Era a minha chance de mudar para a casa que eu tinha visto!
O meu irmão concordou em dividir o aluguel comigo depois que eu falei sobre o lugar.

Nós falamos com o dono da casa e depois levamos a minha mobília (guardada em um depósito desde a minha ultima tentativa de morar na área) para a casa.
Eu escolhi um dos quarto de baixo do lado do banheiro. A primeira noite foi bem calma.
Depois do terceiro dia, depois de não terem encontrado emprego nenhum, meu irmão e o seu amigo me falaram que estavam indo embora de volta para a capital. Então lá estava eu, morando sozinho em uma casa gigantesca, potencialmente assombrada.
Os barulhos geralmente aconteciam por volta de 11:00pm. No começo eu só ouvia algo arranhando as paredes.
Eu pensei que poderiam ser ratos.
Depois de alguns dias eu comecei a ouvir passos fortes no andar de cima.
Era como se alguém estivesse arrastando algo por aquele quarto estranho no andar de cima. Eu lembro de colocar a minha orelha contra a parede para ver se o barulho vinha mesmo da casa, e realmente vinha.
Como eu tinha um aparelho de som, eu simplesmente aumentava o volume o suficiente para não ouvir os passos que vinham do segundo andar.
Eu geralmente ficava acordado até não poder agüentar mais de sono (geralmente entre 1:00 am á 2:00 am).
Isso era padrão toda noite.
Depois de várias semanas vivendo assim, eu fui falar com um amigo (Diogo) de São Paulo que também estava tentando fugir da cidade grande.
Como ele estava procurando um lugar para ficar, eu ofereci um dos meus quartos.
Diogo aceitou na hora. Tendo cinco quartos para escolher, ele pegou um que ficava no andar de baixo perto da escada na parte da frente da casa.

Na manhã seguinte, Diogo me perguntou algo muito interessante, o que eu estava fazendo andando pra lá e pra cá no andar de cima na noite anterior. Eu falei que não tinha subido lá em cima na noite anterior.
Ele não acreditou e falou que eu fiquei andando no quarto em cima do quarto dele.
Mas eu falei que em cima do quarto dele não tinha nada, só o forro.
Depois de mostrar o andar de cima eu finalmente convenci ele. Agora ele tinha chegado na mesma conclusão que eu.
Tinha um fantasma lá em cima.
Então, do seu jeito estranho de tentar me confortar, eu acho, ele me contou uma experiência que uma outra hora conto.
Diogo ficou na minha casa assombrada pro duas semanas, então se mandou, me deixando sozinho para ser comido pelo que quer que fosse que rastejava no segundo andar.
Algum tempo depois eu acabei esbarrando com uma amiga na cidade.
Ela me perguntou como eu estava e onde eu estava morando.
Quando eu falei para ela, o seu comentário foi, "oh, aquela casa é assombrada".
Então ela me contou a história da casa.
Ela falou que uma família tinha se mudado para a casa a algum tempo atrás e um dos filhos do inquilino ocupou o quarto da frente do segundo andar.
Ele começou a fazer seções espíritas (brincadeira do copo e coisas do gênero) lá.
Muita coisa ruim começou a acontecer com a família, e depois de pouco tempo, eles acabaram se mudando.
Ela falou que o estado que eles se encontravam (emocionalmente) era bem precário, eram só uma sombra do já tinham sido.
Estavam cansados e deprimidos.
Quando eu voltei para casa, eu não tinha certeza se tinha gostado de ter ouvido essa informação extra sobre a casa.
Algumas noites depois tinha tanto barulho no andar de cima, tava uma bagunça, que parecia que o que quer que fosse que estava fazendo aquela zona toda ia descer a escada.
Eu estava tão assustado que já estava fazendo planos de por qual janela pular e qual roupas levar.
Nem o aparelho de som conseguia mascarar o barulho mais. No entanto, nada se materializou aquela noite.
Se eu colocar tudo o que aconteceu comigo enquanto estava lá, ia pegar muito espaço.
No entanto, teve uma noite que eu nunca vou esquecer.
A única tomada de telefone que tinha na casa estava na sala de estar, que ficava em baixo daquele quarto.
Naquela noite eu estava esperando um telefonema de alguns amigos que estavam para chegar. Eu esperei o dia inteiro pela ligação.

À noite, depois das 11:00pm, os barulhos começaram eventualmente.
Eu tinha me acomodado na cama para sobreviver a noite como sempre, quando o telefone começou a tocar.
O som do telefone me assustou, para não dizer coisa pior.
O som dele era quase inaudível devido ao barulho do quarto em cima da sala.
Eu me levantei e fui para o corredor escuro e acendi a luz.
Quando eu cheguei na sala de estar (onde eu sempre deixava uma luz acesa de noite) eu atendi o telefone.
Realmente eram os meus amigos ligando.
Eu tentei parecer calmo, mas o tempo inteiro enquanto eu estava no telefone, eu podia ouvir os passos no quarto acima de mim.
A todo segundo eu esperava ver algo correndo escadaria abaixo, mas nada aconteceu.
Até o meu amigo no telefone percebeu que tinha algo de errado.
Como já era de se esperar, eu nunca consegui um emprego estável então eu fui forçado a mudar (adivinha para onde), sim, de voltar para São Paulo.
Eu coloquei toda a minha mobília em um dos quartos da frente, com a permissão do dono da casa, e me mandei de lá.
Depois de vários meses quando eu fui voltar para pegar as minhas coisas, eu perguntei para o atual inquilino se ele estava gostando da casa. Ele era um antigo policial da PM.

Ele me falou que estava gostando da casa.
Demorou um pouquinho para ele pegar confiança em mim e desabafar.
Ele eventualmente me contou que numa noite ele ouviu um barulho no andar de cima e viu que evidentemente alguém tinha entrado na casa, no quarto da frente, e estava praticamente destruindo ele, embora alguém escalar uma parede lisa e entrar pela janela do segundo andar fosse quase impossível.
Ele me contou que pegou a lanterna, a arma carregada e subiu para ver quem era.
Assim que ele abriu a porta o barulho parou.
Ele olhou o quarto vazio e inteiro, com a janela fechada e trancada por dentro.
Então ele foi dar uma olhada no forro pelo buraco.
Ele entrou lá dentro e foi de uma ponta a outra e não viu nada.
Assim que ele voltou pro quarto e deu mais uma examinada, ele chegou na mesma conclusão que eu tinha chegado quando me mudei para lá.
Ele então me falou que uma noite, já era tarde, ele estava vendo TV na sala, e ele e a mulher viram uma aparição, uma névoa com o formato de uma pessoa, mas nada muito definido, descer a escada, passou por eles indo na direção da frente da casa, e entrou em um dos quartos. Ele foi ver o quarto depois, mas não viu nada.

Eu só voltei lá mais uma vez depois: dois anos mais tarde.
Depois de ter falado a história para uns amigos no carro enquanto estava passando pelo vale, nós fomos para uma das cidades que tinham por lá, paramos em um supermercado para comprar comida e fomos ver a casa. Tinha acabado de escurecer.
Quando nós chegamos, fomos para a porta de trás e eu vi que não tinha ninguém em casa.
Uma das pessoas que estavam com a gente era uma mulher religiosa, e ela colocou a mão na porta e começou a rezar.
Todos nós ouvimos quando os pratos, panelas e a mesa da cozinha começaram a vibrar e a chacoalhar.
Depois foram as janela e a porta que começaram a tremer junto com o resto que já estava tremendo.
Nós voltamos correndo para o carro.

Quando chegamos lá tinha uma estranha substância viscosa na maçaneta do carro que não estava lá quando paramos na cidade a apenas alguns minutos. Não precisa nem dizer que eu nunca mais cheguei perto daquela casa.

Sem comentários:

Enviar um comentário