terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A CASA DA MINHA BISAVÓ

Eu tenho hoje 27 anos, e acontecimentos como esse me perseguiram pela vida toda.

Fui criada com a minha avó e a minha mãe numa casinha simples, ao lado do que foi uma grande mansão no passado. Era a casa da minha bisavó, à quem todos, incluindo os netos a chamavam de Mãe Lígia. O que já ouvi falar sobre ela me leva a pensar que era uma mulher de personalidade muito forte, que chegou ate a enfrentar o marido com lenha do fogão. Era uma italiana forte, que falava alto, muito bondosa com os pobres, mas também muito severa e brava.

Cheguei a ver (quando pequena) varias vezes os olhos dela me seguirem pela sala (tem uma pintura dela e do meu bisavô num quadro).

Mas o impressionante mesmo é que as vezes eu acordava de noite e via uma figura feminina passar pelos pés da cama em direção ao telefone que ficava à uns dois metros a minha direita, e assim que ela chegava lá desaparecia.

Uma vez minha vó acordou de noite com barulho de gente lavando a escada da tal casa, e a escada era perto da janela do quarto onde dormíamos. Esse dia eu não cheguei a acordar, pois minha avó não gostava nem um pouco de nos assustar, mas no outro dia fiquei sabendo, ouvindo ela contando para a minha mãe na cozinha. Ouviu jogarem baldes de água na escada e passarem a vassoura, como minha avó achou que talvez fossem maconheiros na casa levantou-se e foi verificar, mas assim que minha avó abriu a porta o barulho parou e a escadaria estava seca.

Por muitas dessas eu sempre soube que tinha alguém ou algo por lá, algumas pessoas disseram que minha bisavó era má, mas é uma contradição, já que ela brigava com meu bisavô que era contra a distribuição de comida que ela fazia para os pobres nos domingos.

Bom, em uma visita de minhas tias à casa de minha avó, meus primos chegaram. Vieram as duas irmãs de minha mãe, cada uma com seus filhos. Eu tinha uns 10 anos. A gente passava o dia todo brincando no casarão abandonado, eu, minha irmã mais nova, minhas primas Juliana e Luciana, e meus primos Andrey e Anderson. Esse ultimo foi o responsável pelo que aconteceu naquele dia.

Começamos a brincar de tentar acertar, com goiabinhas que apanhávamos na arvore ou pegávamos no chão, a caixa d'água vazia (que ficava em cima do casarão). Não me lembro como começamos a falar sobre a Mãe Lígia, mas o Anderson ficou falando mal dela o tempo todo, que ela tinha sido uma megera, chata, e coisas assim. Nessa hora ele conseguiu acertar a goiaba dentro da caixa d'água vazia, ouvimos o barulho e ate batemos palmas pra ele por que era muuuuuiito difícil, mas assim que ele virou as costas para a caixa d'água, a goiabinha fez o mesmo caminho de volta e bateu nas costas dele... Foi o suficiente para a gente sair de lá correndo e o assunto quase que virou um mito.

Depois de muitos anos eu me casei com um amigo do meu primo, e um dia contei a ele o que já tinha presenciado naquela casa e mencionei esse fato. Meu marido me olhou assustado e disse que quando era menino ouviu mesmo essa historia do meu primo, mas nunca levou a serio pensando que fosse uma brincadeira, mas me vendo falar sobre o que aconteceu tantos anos depois ele ficou serio e assustado.

Ate hoje minha avó mora na casa ao lado desse casarão abandonado. Ela me conta que as vezes sente pessoas perto dela, mas nunca disse ser minha bisavó. Mas eu sei que aquela casa é mal-assombrada....

Sem comentários:

Enviar um comentário