quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Olho da Providência

 



Olho que Tudo Vê é um símbolo exibindo um olho cercado por raios de luz ou em glória, normalmente dentro de um triângulo. Costuma ser interpretado como a representação do olho de Deus observando a humanidade.

Na sua forma actual, o símbolo apareceu primeiro no oeste durante os século 17 e 18, mas representações do Olho que Tudo Vê pode ser encontrado já na Mitologia Egípcia, no Olho de Hórus. Em descrições do século XVII como o Olho da Providência algumas vezes aparece rodeado de nuvens. A adição posterior de um triângulo normalmente é visto como uma referência mais explícita da Trindade de Deus, no Cristianismo.

Em 1782 o Olho da Providência foi adoptado como parte do simbolismo no verso do Grande selo dos Estados Unidos da América. O Olho foi introduzido pelo comitê original do projeto em 1776, e foi desenvolvido de acordo com as sugestões do consultor artístico Pierre Eugene du Simitiere. Um dos principais motivos é sua larga adoção pela Maçonaria.

No selo, o Olho é cercado pelas palavras Annuit Cœptis, querendo dizer "Ele [o Olho da Providência] é favorável aos nossos empreendimentos. O Olho está posicionado acima de uma pirâmide inacabada com treze passos, representando a origem dos treze estados e o crescimento futuro do país. A combinação sugerida seria a de que o Olho, ou Deus, favorece a prosperidade dos Estados Unidos.

O Grande Selo é usado para endossar documentos oficiais de Estados Unidos. Como tal, é reproduzido, junto com o Olho de Providência, nas costas de cada nota de um dóllar.


O Olho que Tudo Vê também aparece como parte da iconografia da Maçonaria. O Olho que Tudo Vê é então um lembrete para os Maçons de que sempre são observados pelo Grande Arquiteto do Universo. Tipicamente o Olho Maçônico da Providência tem um semi-círculo de luz sob o olho — frequentemente com os raios incidindo para baixo. Às vezes, um triângulo é incluído ao Olho, mas isto é visto como uma referência à preferência do Maçom para o número três em numerologia. Outras variações do símbolo também podem ser achadas, com o olho sendo substituído pelas letras ‘G’, representando o Grande Arquiteto.

A primeira referência Maçônica oficial ao Olho está em O Monitoramento Maçônico por Thomas Smith Webb em 1797, alguns anos depois que o Grande Selo foi projetado. O uso Maçônico do Olho em geral não incorpora uma pirâmide, embora o triângulo seja incluído freqüentemente é interpretado como sendo parte.

Dos dezesseis signatários da Constituição norteamericana, somente nove Benjamin Franklin, William Ellery,John Hancock, Joseph Hewes, William Hooper, Robert Treat Paine, Richard Stockton, George Walton e William Whipple eram maçons. O jornal do website Escocês The Scottish Rite Jounarl cita Henry A. Wallace como segue, dizendo que após ter visto o quadro do Grande Selo, levou-o ao Presidente: Roosevelt, olhou a reprodução colorida do Selo, e o primeiro detalhe a lhe chamar a atenção foi a representação do Olho que Tudo Vê — uma representação Maçônica do Grande Arquiteto do Universo. A seguir, ficou impressionado com a idéia que a fundação para a nova ordem havia sido inscrita como 1776, mas seria completada somente sob o olho do Grande Arquiteto. Roosevelt, assim como eu, era maçom do 32.º grau. Sugeriu então que o Selo fosse posto na nota de dólar. A universidade do Estado de Iowa tem uma coleção de fotografias um dólar com as palavras “Um Símbolo do Novo Negócio. Henry A. Wallace”.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A lenda de Caim

Muitas pessoas acreditam que o primeiro vampiro da história foi o Drácula, porém existe uma lenda que conta que na verdade o primeiro vampiro é muito mais antigo, tão velho que sua história é contada na Bíblia e seu nome é conhecido por muitos:

A lenda de Caim




Conta à história bíblica que Cain era irmão de Abel, sendo os dois filhos de Adão e Eva. O primeiro cuidava da terra e plantava, enquanto o segundo cuida de animais e também caçava, trazendo a carne para mesa de sua família.

imagens-da-abel-e-caimCerta vez Caim quis levar ao seu Deus uma espécie de oferenda, trazendo-lhe frutos que cultivava e seu irmão Abel também ofertou algo, levando como oferta uma ovelha de grande valor, pois era a primogênita de sua criação.

Com muito gosto, Deus aceitou o que Abel lhe trouxe, mas o presente de Caim não foi aceito de bom grado. O que gerou raiva e descontentamento por parte dele, afinal ofertara o que tinha de melhor, as melhores frutas geradas pelas melhores sementes, além do suor de todo o trabalho que havia realizado para cultiva-las. Mesmo assim as ofertas de Abel eram sempre bem aceitas e as de Caim não.


Assim Caim foi ficando cada vez mais bravo e desiludido com aquilo. E certo dia Abel foi chamado por seu irmão até um lugar afastado e quando menos esperava, Abel foi atacado por Caim, que o golpeou com uma pedra, até ver o sangue do irmão espalhado pelo chão e só parou quando ele jazia morto no chão envolto em uma poça vermelha.


No outro, perante a presença de Deus, Caim foi questionado sobre o paradeiro de seu irmão, mas cain-abel
ele respondeu dizendo que não era seu cuidador e não sabia onde estava. Naquele momento tudo foi descoberto e amaldiçoado ele foi, como ninguém mais havia sido, afinal ele era primeiro assassino e deveria ser lembrado por sua maldade.

Dizem que Deus lhe amaldiçoou a vagar por esse mundo até os fins do tempo amargurando-se de seu pecado e por onde ele passasse flores e coisas vivas morreriam. Caim também não poderia mais contemplar a luz do Sol e sentiria a necessidade do sangue todos os dias, da mesma maneira que havia derramado o de seu irmão.


Durante muito tempo Caim vagou pelo mundo, afinal fora expulso de onde vivia. Até chegar a Node, onde conheceu Lilith, uma mulher que lhe ensinou as poderosas artes do sangue e com seu poder Caim construiu uma próspera cidade. Mas apesar disso ele não era feliz, pois tudo era passageiro e as pessoas que amava morriam logo. Dessa maneira ele resolveu transformar os humanos que lá viviam em seres como ele, assim surgiram os primeiros vampiros.




Três teriam sidos os transformados por Caim e esses transformaram muitos outros, criando uma grande linhagem de vampiros, mas então veio o Dilúvio e muitos pereceram. Depois que as Terras secaram, Caim acreditou que aquilo era mais um ato de Deus para puni-lo por criar os vampiros, dessa maneira ordenou a todos que parassem com aquilo e ele mesmo sumiu no mundo.

Porém os netos mataram os “filhos” de Caim, pois não queriam seguir as regras ditadas por ele. E assim os vampiros começaram a se espalhar pelo mundo, sendo que cada um dos sete netos criam seus próprios clãs, cada um com suas características e poderes. Durante muitos anos eles lutaram entre uns contra os outros, querendo cada um o poder para si.




Com o tempo as batalhas foram diminuindo e cada um foi com seu clã para um canto do mundo, dessa maneira os vampiros se espalharam pelo planeta, vivendo na sombra da noite e pegando os desprevenidos para virarem alimento.

De Caim não se tem mais noticias, porém dizem que os vampiros só não dominaram o mundo por medo de ele voltar e acabar com todos, pois mesmo odiando Deus, Caim o teme e não quer ter seu nome amaldiçoado novamente.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Crias das Trevas - Três exemplos de híbridos gerados pelos Deuses Antigos




O título já revela sobre o que é esse artigo. Três híbridos nascidos da união blasfema entre Entidades do Mythos e seres humanos com fichas completas para Call of Cthulhu e Rastro de Cthulhu.

Essas aberrações podem ser usadas em cenários ou adaptadas por Guardiões.

Fica a idéia do que são os Favorecidos e Mensageiros dos Antigos.

Shymava Sunitha, a Deusa de Oito Pernas
(Cria de Atlach Nacha)

No sul da Índia, próximo à cidade de Bangalore existe um complexo de cavernas profundas que segundo a sabedoria contida em alguns livros ancestrais conduz às profundezas da Terra. Nesse lugar abissal Atlach Nacha, a Deusa das Aranhas pode ser encontrada tecendo a sua colossal teia. Dizem as lendas que quando ela terminar essa tarefa o mundo chegará ao fim.

No século XIX um perigoso culto se formou ao redor da adoração à Deusa Aranha que era chamada pelos seus fanáticos adoradores de Mãe das Teias. O Culto que realiza rituais de sacrifício nas profundezas de cavernas e ruínas em meio às densas selvas, foi reprimido duramente pelas autoridades coloniais britânicas e chegou perto de ser destruído.

Em 1908, o movimento foi revitalizado graças aos planos nefastos dos líderes degenerados do culto. Três princesas, filhas de um Rajá, foram sequestradas pelos cultistas em uma ação ousada e implacável. As meninas foram levadas às profundezas da Caverna sagrada e um ritual realizado para que Atlach Nasha as fertilizasse. Duas das meninas não suportaram a experiência traumática e morreram, a terceira, a princesa Arundhati sobreviveu e engravidou da criatura. Os cultistas a mantiveram em cativeiro por nove meses até que ela desse a luz a uma criatura híbrida que rasgou o seu ventre ao nascer e a devorou logo em seguida injetando um veneno mortal e enzimas digestivas.

A criança em questão nasceu com traços humanos mas com oito membros e quelíceras fixadas na mandíbula inferior. Batizada de Shymava Sunitha (Deusa de Oito Pernas) pelos cultistas, a criança passou a ser apresentada como uma prova viva da existência e do poder aterrorizante da Mãe das Teias. O culto voltou a crescer e acumulou adeptos em meio a população ignorante e supersticiosa.

Em meados de 1924, Shymava Sunitha começou a mudar e sua aparência começou a se tornar cada vez mais abominável. As características humanas começaram a ficar cada vez menos evidentes. Até então ela era mantida em uma das sedes secretas do culto nos arredores de Bangalore, mas sua fome cada vez mais dantesca obrigou os cultistas a transportá-la para um local isolado nas montanhas de Rurabati onde ela poderia ficar escondida até completar a transformação.

Os planos do culto eram reunir a Shymava à sua mãe na Grande Teia para que ela ajudasse a concluir a construção acelerando assim o Fim dos Tempos. As atividades do culto se intensificaram com sacrifícios e rituais frenéticos que apavoraram os moradores da região e alertaram as autoridades. Em 1926, o local onde a criatura era mantida foi atacado pelo exército colonial e os cultistas mortos ou capturados. Rumores dão conta de que uma aberração conseguiu escapar através de um complexo subterrâneo.

Com o fim do Culto, os planos de reunir Atlach Nacha e sua cria híbrida foram frustrados. Os pastores e camponeses que vivem na região de Rurabati acreditam que o horror de oito pernas anda vive nos recessos subterrâneos na base da montanha onde existem inúmeras cavernas. Dizem que ela costuma sair de seu esconderijo apenas à noite para caçar e mais de um pastor de ovelhas já a avistou.

O monstro teria o corpo de uma aranha de cor castanha avermelhada que seria tão grande quanto um cavalo. O mais horrível a respeito dessa aberração é sua face humana deformada pela loucura e pela fome que a consome.

Shymava Sunitha (Call of Cthulhu)

STR 22 CON 18 SIZ 26 INT 10 POW 18 DEX 18
HP: 22
Ataques: Mordida 50%, dano 1d3 + veneno*
Lançar Teias 60%, dano captura**

*Potência do Veneno igual a CON=18
** A Teia tem força 13 e uma vítima capturada deve testar STR na Tabela de Resistência para se livrar da teia.

Armadura: 5 pontos quitina
Magias: Escolha do Guardião
Habiliaddes: Esconder-se 60%, Andar em Silêncio 80%
Sanidade: 2/1d10 +1 por ver Shymava Sunitha.

Shymava Sunitha (Rastro de Cthulhu)

Habilidades: Atletismo 10, Briga 17, Vitalidade 12

Limiar de Acerto: 4
Modificador de Alerta: +2

Ataques: +0 (mordida), -3 (Teia), vítimas capturadas na teia precisam ser bem sucedidas em um teste de Fuga com dificuldade 5.

Armadura: -2 contra tudo (quitina)

Perda de Estabilidade: +2

Aidan Cavendish
(Cria de Yog-Sothoth)

Muitos acreditam que o nascimento dos gêmeos de Dunwich foi um caso isolado. Na verdade Yog-Sothoth foi invocado em outras ocasiões para fertilizar o ventre de mulheres humanas com sua semente nefasta.

Aidan é resultado das maquinações de um culto medonho existente na cidade de Newsborough, no estado americano de Vermont. Em 1944 a Matriarca da renomada Família Cavendish, Helen, assumiu o lugar de seu pai como líder do culto devotado a adoração de Yog-Sothoth.

Por muitos anos o culto, uma dissidência da Ordem do Crepúsculo Prateado (Silver Twilight Order), tentou firmar um pacto com Yog-Sothoth que produzisse herdeiros divinos mas nunca obteve êxito.

Em 1948, o filho de Helen, o herói de guerra Robert Cavendish desposou Daisy Green uma jovem escolhida a dedo pelo culto. Mapas astrais atestavam que Daisy havia nascido em uma data propícia marcada por um alinhamento de estrelas e esse fator seria determinante para os planos do culto. O casal se mudou para a grande mansão dos Cavendish em Newsborough após uma estranha cerimônia de casamento presidida pela matriarca da família.

Na noite de núpcias, Daisy foi dopada por Robert e colocada sobre o altar no templo usado pelos Cavendish em seus rituais bizarros. Yog-Sothoth foi invocado em seguida para selar o pacto.

Helen cuidou para que a jovem mulher fosse hipnotizada e tivesse qualquer lembrança daquela noite aterrorizante apagada de sua memória. Quando ela engravidou, o culto comemorou seu sucesso, contudo, o trauma pelo qual Daisy passou era muito profundo e aos poucos ela começou a recuperar as lembranças.

Levada ao desespero ela tentou cometer suicídio ingerindo uma overdose de comprimidos, mas sua tentativa falhou. Daisy foi mantida viva através de aparelhos para que completasse a gestação. O parto foi realizado por Helen que trouxe ao mundo a criança tão aguardada.

Helen espera que seu neto, que recebeu o nome de Aidan Cavendish, um dia pudesse sucedê-la na liderança do Culto. A criança desde cedo começou a dar mostras de enorme carisma, inteligência e magnetismo pessoal. Para todos os efeitos Aidan é uma criança comum, embora seja bastante pálida, não há indícios que ele sofrerá transformações em sua aparência física. Ele ainda não sabe de sua herança, mas é questão de tempos até que sonhos revelem a identidade de seu verdadeiro pai. Helen o introduziu nos mistérios do culto e o jovem tem se mostrado um aluno promissor com um talento natural para o ocultismo e feitiçaria.

Embora seja apenas uma criança, há algo de profundamente perturbador em Aidan. Ele possui uma espécie de charme natural que atrai as pessoas e as cativa. Ele também demonstrou ser capaz de controlar e ler a mente de terceiros. Essas faculdades ainda não são dominadas por ele, mas há indícios que elas irão se desenvolver com o tempo.

Helen tem planos secretos para seu neto. A Família estabeleceu ao longo dos anos uma base política e vem preparando Aidan para ocupar uma posição de destaque no governo.

Quem sabe do que os cultistas serão capazes se Aidan Cavendish chegar a ocupar um cargo de destaque como Congressista, Senador ou quem sabe algo ainda mais elevado. Dinheiro, influência e ambição eles têm de sobra para almejar esse cargo.

Aidan Cavendish (Call of Cthulhu aos 12 anos)

STR 10 CON 12 DEX 14 SIZ 8 APP 18 INT 18 POW 18 EDU 9
DB: +0
HP: 10

Magias: Invocar Yog-Sothoth, Contactar Nyarlathotep, Implant Fear, Stop Heart, Invocar/Aprisionar Horror Caçador, Voorish Sign

Habilidades: Bargain 70%, Cthulhu Mythos 20%, Hide 35%, Ocult 50%, Dodge 50%, Persuade 80%, Sneak 25%, History 20%, Listen 70%, Spot Hidden 70%

Sanidade: Indivíduos sensitivos (com POW superior ou igual a 16) captam algo estranho em Aidan que ocasiona uma sensação de ameaça e 0/1 ponto de sanidade no primeiro encontro.

Aidan Cavendish para Rastro de Cthulhu

Habilidades: Ocultismo 1, Bajulação 4, Barganha 3, Convencimento 6, Intimidação 2, Atletismo 3, Briga 3, Vitalidade 6, Fuga 9, Sentir Perigo 12

Limiar de Acerto: 4

Modificação de Alerta: +5 (senso sobrenatural)

Armadura: Nenhuma

Kaiwan - O Artista de Aldengate
(Cria de Hastur)

Aldengate é um vilarejo no sul da Inglaterra, apenas mais um pequeno retiro da vida urbana e um cenário bucólico que serve como colônia de artistas em busca de inspiração. Aldengate, no entanto, escondia uma face muito mais sinistra e perniciosa.

Desde o início do século XX, o lugar funciona como centro para um culto devotado a Hastur, o Impronunciável. Os líderes do Culto, dissidentes da Irmandade do Símbolo Amarelo, fundaram sua própria facção que acredita em um retorno do Impronunciável através da materialização terrena de Carcosa, a cidadela lendária ligada ao Mito de Hastur.

O Culto formado por estetas entediados, artistas desvairados e atores degenerados com interesse em ocultismo se formou com base na leitura regular do livro "O Rei Amarelo". O grupo adquiriu o livro nos anos 30, graças ao dramaturgo Talbot Estus que dirigiu uma polêmica montagem teatral chamada "A Rainha e o Estranho" que terminou em caos em Londres.

Os cultistas acreditavam que o livro continha uma codificação secreta que quando decodificada tornaria possível trazer Carcosa para a Terra.

Apenas em 1967 o grupo obteve o códiigo oculto em seu exemplar do Rei Amarelo. Eles realizaram uma apresentação da peça de Estus, alimentada com LSD e orgias, que resultou no aparecimento de Carcosa por alguns poucos momentos. Foi o suficiente para que todos adentrassem a cidadela e desaparecessem com ela quando Carcosa retornou para seu lugar original às margens do Lago Hali em Aldebaran.

Dentre os cultistas havia uma atriz chamada Eleanor Barker que interpretava o papel da Rainha Cassilda. Nenhum dos artistas foi visto novamente, com exceção de Eleanor que reapareceu em Aldengate um ano depois com um bebê recém nascido chamado apenas de Kaiwan (um dos nomes secretos de Hastur).

Disposta a reconstruir o culto ela começou a atrair artistas e mentes criativas, arregimentando novos cultistas atraídos pela promessa de que sua criança era o filho de Hastur. Mais do que isso ela defendia que Kaiwan promoveria uma revolução cultural sem precedentes no mundo que conduziria a adoração ao Impronunciável.

Eleanor morreu no início dos anos 80, mas seu filho logo cumpriu a espectativa. Ele se converteu em um expoente das artes, um artista conceituado e polêmico na Inglaterra produzindo obras perturbadoras no campo da literatura, poesia, pintura e dramaturgia.

Se Kaiwan conseguirá cumprir a promessa de sua mãe de causar comoção em todo mundo através de sua arte, ainda é cedo para dizer, mas sua exposição só tende a continuar crescendo a medida que ele ganha destaque na mídia. Sua arte é influenciada pelo Mythos e por visões perturbadoras captadas em seus sonhos desvairados. Kaiwan consegue traduzir esses horrores em romances, poesias, telas e peças incrivelmente bizarras. Uma de suas técnicas envolve evocar o Símbolo Amarelo através de mensagens subliminares que causam reações emocionais devastadoras.

Kaiwan tem plena consciência de sua origem profana e se considera abençoado por Hastur. Ele preside um culto cada vez mais popular na cena cultural londrina e tem convites para expor na América.

Kaiwan (Call of Cthulhu aos 24 anos)

STR 12 CON 16 DEX 17 SIZ 14 APP 16 INT 16 POW 18 EDU 12
DB: +1d4
HP: 15

Magias: Invocar Hastur, Maldição de Azathoth, Implant Fear, Invocar/Aprisionar Byakhee, Voorish Sign, Wither Limb

Habilidades: Cthulhu Mythos 17%, Art: Painting 81%, Literature 73%, Poetry 78%, Dramaturgy 77%, Apreciation 74%, Art History 88%, Persuade 50%, Spot Hidden 56%, Occult 44%

Ataques: Pistola 9mm 45%

Sanidade: Nenhuma

Kaiwan para Rastro de Cthulhu

Habilidades: Arte 7, Ocultismo 1, Bajulação 2, Convencimento 2, Intimidação 1, Armas Brancas 7, Armas de Fogo 4, Atletismo 4, Briga 5, Vitalidade 12

Ataque: +0 (arma de fogo) ou + (adaga cerimonial)

Limiar de Acerto: 3

Modificação de Alerta: +2 (senso aprimorado)

Armadura: Nenhuma

Dagon - A Transição de Deus Semítico a Horror Lovecraftiano



Dagon foi um Deus Semítico, uma entidade citada no Velho Testamento devotada ao plantio e agricultura, de particular importância para o povo conhecido como filisteus. É claro, Dagon assumiu uma face bem mais sinistra de acordo com a mitologia de Lovecraft. A nefasta entidade figura em duas estórias clássicas: Dagon e A Sombra sobre Innsmouth. Ele é o Senhor dos Deep Ones, uma raça de criaturas meio-homem, meio-peixe. Criaturas que veneram o Grande Cthulhu e que habitam as profundezas dos mares e que tem o incômodo hábito de sequestrar humanos e submeter fêmeas a miscigenação.

Mas como se deu a transição de Dagon, de Deus dos Filisteus para Horror Lovecraftiano?

O Dagon histórico era uma das principais divindades dos filisteus, povo cujos ancestrais migraram de Creta para a costa da Palestina. Ele era um deus da fertilidade, da abundância e das colheitas. Quando ele estava satisfeito contemplava seus seguidores com colheitas abundantes que mantinham longe as privações. Dagon também figurava em conceitos de vida após a morte.

Os Filisteus eram originalmente devotos da Grande Mãe, mas adotaram o culto de Dagon após a invasão de Canaan em 1137 AC. No panteão cananita, Dagon era o pai de Baal e só estava abaixo de El, o Deus Supremo daquele povo. Há registros de seu nome datando da terceira dinastia de Ur, cerca de 25 séculos antes de Cristo.

A iconografia, representa Dagon como uma entidade marinha tendo a parte superior do corpo de homem e da cintura para baixo, sendo peixe. Em outras representações ele é um homem com o corpo coberto de escamas, capaz de respirar, e assim viver no fundo do mar.

Mas porque uma divindade ligada aos campos e plantio seria associada ao mar?

Sempre houve muita controvérsia sobre esse tema. Historiadores acreditam que a associação se deu pelo nome Dagon derivar da palavra hebraica dâg, que significa peixe. A partir de seu nome, Dagon teria ganho o status de entidade marinha.

Alguns estudiosos, no entanto, defendem que Dagon só ganhou uma representação aquática, a partir do momento em que ele passou a ser intimamente associado a deusa Derceto, esta uma entidade que reinava sobre os rios e lagos e que era retratada com o corpo de peixe. Quando Dagon se tornou consorte de Derceto, ele também passou a ter feições marinhas e teria ganho recebido o domínio sobre os mares.

A imagem de Dagon na forma de homem-peixe, porém não é unânime. Existem moedas e documentos em que Dagon é representado como uma divindade terrestre, sem qualquer conotação marinha.

Outra possibilidade é que Dagon tenha sido associado ao mar pelos Fenícios, um povo com longa tradição náutica, que passou a adorar o deus na época em que se lançaram em incursões pelo Mediterrâneo. Os fenícios, teriam transformado a entidade no patrono de suas viagens através de águas desconhecidas e mares perigosos. Há registros que citam os fenícios realizando sacrifícios de animais atirados ao mar para garantir assim a benção de Dagon.

A adoração de Dagon foi bastante evidente na antiga Palestina. A religião era a proeminente em cidades como Azotus, Gaza e Ashkelon. Os filisteus dependiam de Dagon para o sucesso em suas colheitas, mas rendiam a ele homenagens também em tempos de guerra. Para agradá-lo, ofereciam sacrifícios de animais e orações em seus grandes templos. Seus sacerdotes usavam trajes cerimoniais com escamas prateadas e grandes mitras na cabeça. Para seus deveres sagrados usavam bacias de metal e facas curvas empregadas nos sacrifícios.

O culto de Dagon permaneceu ativo até o século segundo da era cristã quando o templo de Azotus foi destruído pelos macabeus. A partir de então a religião de Dagon começou a ser substituída por outras crenças introduzidas pelos povos conquistadores.

Os filisteus são citados em várias oportunidades na Bíblia, retratados como inimigos mortais do povo hebreu e uma constante ameaça à Israel. Segundo o Livro de Samuel, a vitória sobre os Filisteus era essencial para o estabelecimento do povo de Deus. Não é estranho portanto que a religião dos Filisteus tenha motivado severas críticas da parte dos autores bíblicos.
Lovecraft escreveu Dagon logo no início de sua carreira, no ano de 1917. A inspiração, segundo ele, veio de um sonho: "Eu sonhei com algo repulsivo, e ainda posso sentir aquela coisa me puxando para baixo da superfície". Lovecraft pode ter se inspirado também no conto "Fishead" de Irving Cobb que trata de seres míticos metade homem, metade peixe.


Em "Dagon", Lovecraft não deixa claro se o monstro é realmente a entidade semítica venerada pelos filisteus. Não há alusão alguma nesse sentido, além da coincidência dos nomes.

Na mitologia Lovecraftiana, entretanto, existe a idéia que muitos deuses e entidades da antiguidade seriam na verdade criaturas dos Mitos. Nesse contexto, Dagon, o monstro marinho, seria a verdadeira face do Deus semítico.

Contudo, também existe a possibilidade de Dagon ser uma entidade inteiramente diferente do mito filisteu. Uma abominação como tantas outras com um nome impronunciável conhecido apenas pelos Deep Ones.

O nome Dagon nesse caso teria surgido apenas quando cultistas humanos passaram a venerá-lo e buscaram na antiguidade algum personagem mítico com o qual pudessem identificá-lo. A figura de Dagon então se encaixaria perfeitamente como entidade análoga por ser uma divindade dos mares meio homem, meio-peixe.

Essa teoria ganha força quando lembramos dos cultistas de Innsmouth em "A Sombra sobre Innsmouth" (1936), a segunda obra a citar Dagon. Nesse conto, os membros da decrépita Família Marsh e da Ordem Esotérica de Dagon, usavam a indumentária de culto, composta de manto e mitra, que remontava aos trajes dos sacerdotes filisteus, com suas bacias metálicas e adagas curvas. É possível que toda a Ordem Esotérica tenha baseado seus rituais no velho culto fariseu.

Lovecraft jamais deixou clara a origem de Dagon ou qual seria a sua intenção ao nomear a criatura um homônimo da divindade semítica. Como muito de sua obra, os Mitos, em mais de um aspecto, permanecem como um mistério. Insondável, inumano, imutável.



O que leva alguém a negociar com o diabo? E mais importante qual o valor de uma alma e o que poderia ser recebido em troca dela?

Na literatura, Fausto vende sua alma em troca da vida eterna, mas aprende da maneira mais difícil que a eternidade pode ser um pesadelo, ele vive para lamentar a barganha. O músico norte-americano Robert Johnson supostamente vendeu sua alma para se tornar o maior de todos os guitarristas de blues, mas foi amaldiçoado para sempre.

Para um monge da Bohêmia que redigiu as linhas do lendário Codex Gigas (pronuncia-se GUI-gas), obra também conhecida como "Bíblia do Diabo", a barganha envolveu trocar sua alma pela oportunidade de escrever o maior livro do Mundo Medieval.

A aura de mistério que envolve esta incrível artefato apenas se aprofundou nos últimos séculos, quando o imponente tomo, cujo nome se traduz literalmente como "Livro Gigante", continuou atraindo o interesse e despertando a curiosidade de todos que lançaram os olhos sobre ele. E não é de se admirar que o livro chame tanta atenção.

O Codex Gigas é o maior documento medieval conhecido. As páginas de velino grosso e amarelado foram supostamente confeccionadas com a pele esfolada de 160 burros que deram origem a um livro com notáveis 92 cm de altura, 50 cm de largura e 22 cm de espessura. As 310 páginas que o compõem são encerradas em uma volumosa encadernação com capa de madeira, couro reforçado e detalhes metálicos. O volume é tão pesado que são necessários dois bibliotecários para manuseá-lo.

O  manuscrito teria sido escrito no século XIII por um monge beneditino que vivia num isolado mosteiro em Podlažice na região da Bohêmia, que hoje corresponde a República Tcheca. Não se sabe quem foi seu autor e esse aliás é um dos grandes mistérios que cerca a obra.


Existe uma lenda muito antiga sobre a criação do Codex Giga. Segundo essa lenda, o responsável pelo trabalho foi um monge rebelde que rompeu com o rigoroso códigos de sua ordem. Por suas atitudes ele foi condenado a ser emparedado vivo em uma cela. Para evitar a agonia de morrer de fome e sede, o monge se comprometeu com seus superiores a escrever um tratado que glorificaria o nome da ordem para sempre. Esse maravilhoso livro deveria reunir todo o conhecimento humano em suas páginas e ser uma obra definitiva de erudição e sabedoria. Havia, no entanto, uma condição bastante específica: o monge teria apenas vinte e quatro horas para completar a tarefa.


Imediatamente ele se pôs a compor uma vasta bíblia com uma caligrafia rebuscada e firme. Cada página de velino deveria ser decorada com belíssimas iluminuras feitas com uma tinta vibrante nas cores vermelha, azul, amarela, verde e dourado com um grau de detalhismo surpreendente. O religioso pensou que fazendo um trabalho extraordinário poderia convencer seus colegas a lhe poupar.

Diz a lenda que

Com a ajuda do demônio, o monge conseguiu completar a obra e antes do surgimento dos primeiros raios de sol, o manuscrito estava pronto. Maravilhados com o resultado, e considerando que aquilo so podia ser uma inspiração divina, os monges libertaram seu colega. Imediatamente ele deixou o lugar sem olhar para traz. Algumas lendas afirmam, que quando já estava longe, ouviu-se os gritos aterrorizados dos monges ao de deparar com a ilustração da página 290 onde contemplaram a imagem do diabo.

A lenda é claro, não responde muitas questões sobre o Codex.



A primeira e mais importante pergunta envolve a identidade de quem o escreveu. O que se sabe com certeza é que o modesto monastério de

Alguns estudiosos supõem que o livro poderia ter sido adquirido de outro monastério por um abade interessado em dizer que o livro fora criado em  Podlažice e assim receber algum tipo de benefício da diocese. Mas essa hipótese encontra fortes objeções já que não havia muitos outros monastérios na região e transportar uma obra desse tamanho poderia ser não apenas trabalhoso, mas arriscado dado seu valor. Além disso, como os monges fariam para pagar um volume tão caro?

Supondo-se que o Codex Giga foi criado atrás dos muros de Podlažice é preciso imaginar como o trabalho foi realizado. Produzir uma manuscritos envolve um trabalho grandioso que podia demorar anos para ser concluído - isso excluindo a ajuda providencial do diabo.

Para alguns, a criação do Codex pode ter sido uma empreitada que envolveu todos os monges do monastério o que consumiu vários anos de trabalho concentrado. O objetivo poderia ter sido atrair o interesse da diocese através da obra e receber assim mais fundos. Isso talvez explique porque o monastério não produziu outras obras ao longo de sua existência, já que todos estariam envolvidos no mesmo projeto.

Mas se o livro decorre de um esforço comum deveria constar alguma menção a isso o que não é o caso.

Outra dúvida é que se o livro foi concebido para ganhar o favor das autoridades eclesiásticas, porque acrescentar uma imagem medonha do grande adversário de Deus em uma das páginas? Não poderia essa imagem colocar tudo à perder? Curiosamente ao longo de sua estória, o Codex Giga atraiu muitos interessados em estudar seu conteúdo, mas felizmente a Inquisição jamais cogitou destruir o volume, apesar do conteúdo polêmico de alguns capítulos.

Finalmente, há algo ainda mais curioso à respeito do Codex Gigas e que envolve a autoria do volume. Grafologistas concluíram que todas as 310 páginas foram escritas pela mesma pessoa, ou seja, o trabalho laborioso de copiar cada trecho foi pacientemente realizado por uma única mão. Sabendo que cada página de um livro desta natureza pode demorar muito tempo para ser concluída é surpreendente que o trabalho decorra de um mesmo indivíduo. Os especialistas atestaram que a caligrafia apresenta mudanças perceptíveis ao longo das páginas, apontando para a possibilidade do escriba ter envelhecido e perdido um pouco da firmeza com que copiava as palavras com o passar do tempo. Para os especialistas a obra deve ter demorado algo entre 25-30 anos para ser terminada.

Outra descoberta que reforça a hipótese de um indivíduo solitário é que a tinta utilizada no tratado é basicamente a mesma do início ao fim. Nessa época, os próprios monges produziam a tinta que utilizavam em seu ofício e cada um tinha uma preferência. Estudiosos foram capazes de descobrir o responsável por um mesmo trabalho examinando a tinta usada por ele, quase como se cada monge tivesse uma assinatura própria de acordo com os ingredientes usados na mistura. No caso do Codex Gigas, a tinta foi produzida a base de ninhos de inseto triturados com betume, uma fórmula bastante específica e incomum.


As primeiras menções ao Codex Gigas datam de meados do século XIII, quando o monastério de Podlažice enfrentava sérias dificuldades financeiras. Para levantar dinheiro e continuar existindo, em 1477 os monges negociaram a venda do manuscrito para outro monastério mais rico próximo da capital, Praga. Infelizmente, Podlažice acabaria sendo destruído por doença e peste que varreu a Europa Oriental nessa mesma época. Dizem que nenhum dos monges do local sobreviveu a terrível epidemia. Logo que o documento foi transportado e acomodado na biblioteca da ordem que o adquiriu, esta também começou a perder recursos e enfrentar dificuldades. Esses dois acontecimentos juntos acrescentaram mais um detalhe a lenda do Codex Gigas, uma suposta maldição que recaía sobre todos que adquiriam o livro.

Incapaz de manter o tomo - e segundo alguns temendo as estórias que o cercavam, o monastério acabou doando o volume em 1594 ao Imperador Rudolfo II do Sacro Império Romano. Acredita-se que o erudito governante tinha um profundo interesse em alquimia e ocultismo e que desejava o livro desde que ouvira boatos sobre sua existência. Um cronista da época relatou que ao se deparar com a imagem do demônio, Rudolfo II sorriu enigmaticamente e comentou que o livro doravante seria seu tesouro mais valioso. Mas o livro não traria bons frutos ao imperador. Poucos anos depois seu comportamento sofreu uma drástica transformação, ele se tornou errático e paranoico vendo conspirações em todo canto. Declarado incapaz de governar acabou banido pela sua própria família.

O livro permaneceu na Biblioteca Real de Praga até que no século XVII, em meio a Guerra dos Trinta Anos a cidade foi invadida por tropas suecas. Em meio ao caos e destruição que se seguiu o acervo real foi saqueado e entre os itens removidos estava o Codex Gigas. O tomo foi levado para Estocolmo onde permaneceu desde então na Biblioteca Nacional daquele país.

Ao longo dos anos, o manuscrito recebeu uma enorme variedade de nomes que fazem alusão ao seu tamanho e ao famoso retrato do Diabo. Além da Bíblia do Diabo e Codex Gigas foi também chamado Codex Giganteus (Livro Gigantesco), Gigas Librorum (O Livro Grandioso), Fans Bibel (Bíblia do Demônio), Hin Hales Bibel ("Old Nick Bíblia") e Svartboken (o Livro Negro).


O Codex Gigas é a única bíblia medieval conhecida onde existe uma imagem demoníaca, ao menos um demônio que não está sendo submetido pelo Anjo Gabriel. A figura é retratada semi-vestida com a tradicional pele de arminho real, uma óbvia conotação ao papel do diabo como monarca do inferno. Ele é  metade homem, metade animal, com garras, patas de falcão, e uma enorme língua vermelha. Os chifres são longos, brotando na cabeça bulbosa e desproporcional. O desenho mostra a figura diante de uma parede murada sem seus súditos ou escravos infernais. Muitos supõem que a imagem pode ser uma alusão a condição de aprisionamento do demônio no inferno e a impossibilidade dele ascender.

Qualquer pessoa folheando o tomo acaba sendo eventualmente atraído para o enorme retrato do diabo na página 290, o que criou a impressão de que este é um dos pontos focais do livro. Ao longo da história, muitas pessoas também chamaram a atenção para o fato da página ser mais escura em comparação a todas as demais do livro. E que esta seria uma manifestação sobrenatural ocasionada pela representação diabólica ali retratada. Mas a explicação mais aceitável para esse fenômeno reside no fato de que a luz incidindo sobre a página em especial acabou por escurecer o velino.


O conteúdo do Codex Gigas inclui uma versão da Vulgata Latina, a tradução da Bíblia em grego para o idioma latim realizada no século IV. Além das passagens bíblicas completas, o Codex possui cinco grandes textos de cunho histórico e científico. Dois trabalhos do filósofo Flavius Josephus que viveu no século primeiro, as antologias Antiquities e Guerras Judáicas. Além disso, ele também apresenta uma versão da  Etymologiae, uma enciclopédia escrita por Isidoro de Sevilha e o tratado histórico "Chronica Boemorum" (Crônicas da Boémia) que relata a formação política daquela região. Ainda mais interessante é a existência de uma miscelânea de textos exclusivos versando sobre medicina, uso de ervas, tratamentos para doenças perigosas, realização de magias, rituais de purificação, penitências, exorcismos e outras noções práticas para eruditos.

Como não poderia deixar de ser, um livro conhecido como "A Bíblia do Diabo" naturalmente se torna uma espécie de para-raios de superstições e narrativas bizarras. Uma das mais conhecidas lendas diz que quando o livro é deixado fechado por muito tempo, acaba se abrindo por conta própria, sempre na mesma página... a do retrato do diabo.

Outra lenda ligada ao livro diz que alguns trechos escondem encantamentos diabólicos e rituais de magia negra que podem ser decifrados a partir do estudo de alguns trechos. Ler o livro em algumas noites pré-determinadas também seria nocivo, pois nessas datas específicas alguns trechos mudavam e incluíam louvores satânicos. Finalmente, a imagem diabólica teria a propriedade de permitir que o leitor se comunicasse com o próprio demônio ao encarar seus olhos por tempo suficiente e pedir uma audiência com ele.  
Passados tantos anos, a "Bíblia do Diabo" ainda mantém a sua aura mística. Prova disso é o sucesso de uma exposição organizada em 2007 que trouxe o Codex Gigas de volta a Praga, 357 anos depois dele ter sido removido.

Na ocasião, filas de curiosos se formaram na Biblioteca Nacional, todos ansiosos para ter um vislumbre do misterioso livro. E com certeza, muitos esperavam pela oportunidade de olhar nos olhos da misteriosa imagem e saber se as lendas podem ser verdadeiras...

domingo, 6 de outubro de 2013

Daniel Douglas Home


Home é considerado um dos mais famosos médiuns
de todos os tempos. Dizia-se filho ilegítimo de um
nobre escocês, mas foi criado modestamente
por uma tia, nos Estados Unidos
Daniel Douglas Home, "O rei dos médiuns", era capaz de coisas extraordinárias como sair levitando pela janela, dar a volta na esquina e entrar pela outra. Acabou louco.

Daniel Douglas Home, ou simplesmente D.D.Home, como é mais conhecido, foi um dos maiores "médiuns" que existiram, tal eram seus "poderes" que ele era chamado de "O rei dos médiuns". D.D.Home era de naturalidade irlandesa, nascido em Edimburgo no dia 20 de março de 1833.

Nascido na Escócia e criado nos Estados Unidos, Daniel era uma pessoa franzina. Aos treze anos, viu o espírito de um amigo, chamado Edwin. e anunciou a família o significado da visão. O rapaz deveria estar morto havia 3 dias, o que foi comprovado. Começou assim sua carreira mediúnica  Ele era dotado de inúmeras faculdades paranormais. Mas somente aos dezenove anos viria a desafiar a lei da gravidade.

A maioria dos levitadores segue algum credo religioso, que tanto pode ser o catolicismo quanto o misticismo hindu, ritos ligados aos antigos mistérios egípcios ou o espiritismo. Daniel Douglas Home pertencia a esta última categoria.


Ward Cheney, próspero fabricante americano de seda, organizou em agosto de 1852 uma sessão espírita em Connecticut. Home estava presente e todos aguardavam manifestações insólitas, tais como luzes misteriosas, objetos flutuantes etc. Mas algo inesperado aconteceu, tornando Home famoso da noite para o dia: ele flutuou no ar e sua cabeça tocou o teto. Entre os convidados estava um incrédulo repórter do Hartford Times, que descreveu o bizarro incidente: “Subitamente, sem que ninguém do grupo esperasse, Home subiu no ar. Eu estava segurando a mão dele e examinei seus pés – estavam 30 centímetros acima do chão. Todo o corpo de Home latejava, numa confusão de emoções que iam da alegria ao medo, sufocando suas palavras. Repetidas vezes ele levitou. Na terceira, subiu até o teta do apartamento, onde encostou as mãos e os pés”.

A carreira de Home progrediu; logo ele passou a ser tratado como celebridade tanto nas sessões espíritas quanto na sociedade mundana. Em todos os lugares onde ia ocorriam fenômenos – o vento uivava, flores frescas se materializavam e caíam do teto, portas se abriam e fechavam, bolas de fogo atravessavam a sala.

E Home levitava.

A célebre sessão de dezembro de 1868, em que saiu flutuando por uma janela e entrou por outra, continua sendo motivo de polêmica. O senhor de Lindsay (conde de Crawford, mais tarde) testemunhou o fenômeno e depôs: “Eu estava reunido com o sr. Home, lorde Adare e um primo dele [o capitão Wynne]. Durante a sessão, o sr. Home entrou em transe e nesse estado flutuou e foi levado para fora do apartamento, através da janela da sala contígua à nossa. Depois, sempre flutuando, voltou para o apartamento, passando por nossa janela. A distância entre ambas as janelas era de 2,30 metros e não havia nenhum beiral. A projeção de cada janela não passava de 30 centímetros e servia de floreira. Nós ouvimos a vidraça da sala ao lado subir, e logo em seguida vimos Home flutuando no ar do lado de fora de nossa janela. A lua cheia iluminava a sala; de costas para a luz, eu vi na parede a sombra do peitoril da janela, e os pés de Home uns 15 centímetros acima dela. Ele ficou nessa posição por alguns segundos, e então suspendeu a vidraça e entrou na sala com os pés na frente, sentando-se em seguida”.

Concepção de um artista sobre a levitação de D.D.Home.
Embora seus dotes psíquicos incluíssem
alongamento corporal e manifestações de aporte
(materializações de objetos), ele era famoso sobretudo
por desafiar a gravidade.
“Estou subindo, estou subindo”

Pesquisadores de fenômenos psi, como Frank Podmore ou John Sladeck, procuraram refutar esse acontecimento, embora nenhum deles estivesse entre as testemunhas. Sladeck tentou desacreditar as três pessoas que estiveram presentes, comparando detalhes de suas histórias – como, por exemplo, a altura dos balcões até a rua ou, ainda, se realmente havia balcões.

Podmore, por outro lado, mostrou-se mais sutil em seu ceticismo. Mencionou que poucos dias antes da levitação, e diante das mesmas testemunhas, Home abriu a janela e subiu na laje que servia de floreira, do lado de fora. Chamou a atenção de todos para o fato de estar sobre aquela laje estreita, a uma distância considerável do chão. Podmore observou que “dessa forma, o médium conseguiu formar um esboço do quadro que pretendia produzir”.

Mas, em outra ocasião, Home anunciou: “Estou subindo, estou subindo”, antes de começar a levitar diante de diversas testemunhas.

Podmore insinuou que as levitações de Home não passavam de alucinações produzidas por sugestão hipnótica, semelhante ao truque da corda indiana, que dizem ser alucinação em massa provocada pela arenga do mágico.

Mesmo diante de extrema hostilidade, Home continuou a fazer levitações com sucesso por mais de quarenta anos. Ele apresentava-se, inclusive, à luz do dia – e jamais se comprovou que fosse farsante. Apesar das acusações de Podmore, Home nunca procurou criar um clima de sugestionabilidade. Sempre evitou um “clima” especial – preferia luz clara nas sessões, e incentivava os presentes a conversarem normalmente, ao invés de darem-se as mãos e concentrarem-se.

Embora na idade madura o médium pudesse levitar sempre que desejasse, o fenômeno ocorria também à revelia de sua vontade. Numa ocasião, Home pareceu muito surpreso quando seu anfitrião lhe chamou a atenção para o fato de estar pairando sobre as almofadas da poltrona.

Home era alvo frequente dos caricaturistas.
Suas proezas espetaculares trouxeram-lhe
fama e riqueza. Os críticos acusavam-no
de fraude, mas nunca se provou nada contra ele.
Ilusionistas profissionais costumam orgulhar-se de seu número principal, quando colocam sua assistente em “transe”, equilibrando-a sobre duas espadas; depois, retiram as espadas de modo que ela paire no ar sem apoio aparente. Às vezes, ela está “hipnotizada” e sobe mais ainda no ar. Uma destas duas coisas deve acontecer: ela não sobe no ar (isto é, a platéia sofre alucinação coletiva) ou sobe ajudada por uma aparelhagem invisível para nós.

Home e outros espiritualistas atribuem suas proezas de materialização ou levitação a uma “aparelhagem invisível para nós” – só que, neste caso, a aparelhagem seria a atuação de espíritos. Até o fim de sua vida, Home sustentou que ele só podia voar porque era erguido pelos espíritos, que dessa forma demonstravam sua existência.

Eu não sinto mãos me segurando e nem na primeira vez tive medo”, disse. "Contudo, tivesse eu caído do teto de algumas salas em que fiquei no ar e sofreria ferimentos graves. Em geral, sou suspenso perpendicularmente; meus braços ficam rígidos e são puxados para cima de minha cabeça, como se eu estivesse me agarrando a uma força que me levantasse do chão.

Entre os que testemunharam os fenômenos de Home, destaca-se o cientista William Crookes, descobridor dos raios catódicos e precursor dos raios X. A respeito de Home, escreveu ele:

“Estes fenômenos são tão extraordinários, e opõem-se de modo tão direto às crenças científicas – entre outras, a ação da força da gravidade – que, até agora, ao lembrar-me dos detalhes daquilo que testemunhei, forma-se em minha mente um antagonismo entre a razão, que o consider:a cientificamente impossível, e a consciência de que meus sentidos do tato e da visão não são testemunhas mentirosas”.

D.D.Home nunca foi pego em fraude, e que as condições de controle, nas sessões que realizava foram frequentemente satisfatórias.

Em estado de transe, D.D.Home projetou
uma mesa contra o teto na presença de Napoleão III
Alguns de seus mais impressionantes fenômenos:

Os empregados do hotel Cox, na rua Jermyn, olhavam-se inquietos, aquela tarde de inverno de 1855. Desconfiavam de que algo estava ocorrendo num dos quartos do segundo andar, ocupado por um tal Mr. Home. O patrão estreitara sua amizade com aquele cavalheiro de gestos afeminados, cujo olhar penetrante continuava impressionando vivamente o pessoal do estabelecimento.

Enquanto a chuva repicava nas vidraças como marteladas, quatro pessoas reunidas à volta de uma pesada mesa: Lord Broughant, Sir David Brewster, Mr. Cox e Daniel Douglas Home. Brewster era professor de Física e ficou muito impressionado com o que aconteceu naquela tarde chuvosa. A mesa começou a vibrar de uma forma inquietante. A luz, filtrada através das úmidas vidraças, deixava ver, perfeitamente, tudo o que acontecia. Num momento dado, as trepidações quase insuportáveis do móvel transformaram-se em assustadores golpes, como se um punho invisível batesse furiosamente sobre o tabuleiro. No entanto, nenhum dos assistentes à sessão, tinha contato com aquele. Espontaneamente, a mesa levantou-se uns palmos do chão. Levitando no ar, oscilava de um modo estranho durante uns minutos e em seguida caía bruscamente.

Mr. Cox colocou um sininho sobre o tapete, Durante um tempo, este permaneceu imóvel, até que, finalmente, começou a tocar, agitando-se, violentamente, sem que ninguém tivesse estabelecido contato com o abeto de bronze. O indutor inconsciente daqueles fenômenos surpreendentes parecia ser Mr. Home.

Espírita convicto, não duvidava de que as entidades do «outro-mundo» manifestavam-se por meio da sua pessoa.

Em 1857, foi convidado às Tullerias, em Paris, e Napoleão III pôde comprovar as maravilhosas faculdades do jovem Daniel. Uma mesa de madeira maciça foi projetada contra o teto e um lápis, manejado misteriosamente, traçou a caligrafia de Napoleão Bonaparte. Dele, contou Lord Adare, que, no dia 16 de dezembro de 1868, estando em fase de transe, saiu para a rua, pela janela, flutuando no espaço, e do mesmo jeito tornou a entrar no cômodo, diante da angustiosa expectativa dos presentes.

Até William Crookes, o eminente físico a quem se deve as análises mas importantes sobre os raios catódicos – que tornam possível a televisão dos nossos dias –, descobridor do elemento químico tálio e inventor do radiômetro, mostrou-se interessado em estudar os fenômenos gerados por aquele singular britânico. Em 1869, iniciou seus trabalhos com Homes. Seus instrumentos de laboratório permitiram avaliar a intensidade das forças misteriosas que o médium exercia sobre a matéria.

Sir William Crookes,
eminente físico que estudou
 os raios catódicos,
estudou também o médium
 D.D.Home e com seu prestígio
 pode dar seu aval a
 realidade dos fatos.

Mais Fenômenos:

Um dos casos mais convincentes de fotogênese foi realizado por D.D. Home, veja:

D.D.Home fazia aparecer luzes em toda classe de formas. Umas vezes uma pequena bola luminosa flutuava no ar, outras vezes, apareciam pequenas luzinhas, como chuva de estrelas ou diminutos fogos de artifício. Numa ocasião, viram-se umas como línguas de fogo repousando ou saindo da cabeça de Home.

Inclusive alguma ou outra vez foi observada uma luz bem mais intensa, pois era visível na sala bem iluminada. Escreve, a propósito William Crookes: "Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um helicóptero, colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado ... e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos."

Algumas vezes, luzes errantes, fosforescentes, tocaram os corpos dos assistentes, oferecendo a sensação de contato com um corpo sólido.

O caso acima foi estudado por William Crookes, que diz: "Tenho apenas a necessidade de lembrar aos meus leitores que... tomei todas as precauções convenientes para evitar que lançassem mão de óleo fosforado ou de outros meios. Ademais, muitas dessas luzes eram de natureza tal que não pude chegar a imita-las por meios artificiais; sob as mais rigorosas condições de exame..."

D.D.Home produzia também o fenômenos extra-normal chamado Tiptologia, como veremos abaixo, nas palavras de William Crookes:

"Por diversas vezes, durante as minhas experiências, ouvi pancadas delicadas como produzidas pela ponta de um alfinete, (outras vezes) como uma cascata de sons penetrantes: os de qualquer máquina de indução em plena atividade; detonações no ar, (ou ainda), leves ruídos metálicos, estalidos agudos, como os que se ouvem quando uma máquina trituradora esta em atividade; sons que pareciam arranhaduras, gorjeios como os de um pássaro, etc.".