Sempre ia por conta de serviços prováveis,sem pagar a contribuição para a cobertura das despesas.Era,pois,um companheiro para tudo.Uma noite já estávamos em boas redes,contando anedotas uns para os outros,e esperando chegar os últimos companheiros que subiram e desceram o rio,para dormirmos sossegados,escutamos um ruido do lado do rio,como se animal espantado tivesse corrido para nosso lado,derrubando mato.Era o joão chegou sem poder falar,e horrorizado com o que vira naquele poço escuro que fica na curva do rio.Todos nos levantamos para socorre-lo.Que foi isso rapaz,perguntamos a um só tempo.
Foi o negro d´agua que brotou mesmo em baixo do meu pesqueiro,fazendo um rebojo e um barulhão,antes de erguer a metade do corpo fora d"água. E dizendo isto olhava para todos os lados,assombrado.Você viu negro d'água coisa nenhuma,o que viu foi o boto,que nós também vimos hoje à tarde,na curva do poço da Piratininga.Os bolos do Araguaia sobem até aqui e gostam de se mostrar para os pescadores.E para provar que era isso mesmo,o nosso comparsa se meteu pelo caminho do poço indicado.Meia hora depois voltou confirmando que era boto mesmo,e se quiséssemos ver iramos todos apreciar as evoluções que eles fazem quando vêem o o homem. Alguém pediu a palavra para contar um caso que havia acontecido há tempos,e dava o seu testemunho do homem de fé,Qualidade que ninguém lhe negava.Todos aproximaram-se para ouvir a narrativa.Tratava-se do tenente Pacheco,um excelente companheiro de pescaria e de caçada,profundo conhecedor daquela região e também do Estado todo.-Uma noite,começou o oficial,estávamos pescando no rio Tapirapés,tributário do Araguaia,muito piscoso e com excelente caça;por essa razão prefiro para as excursões dos que vão à ilha,um enorme rebôjo.
Logo a seguir algo emergiu espadanando áqua,e fazendo um estranho barulho.Julguei que se tratasse de enorme sucuri,e pus de jeito minha espingarda de caça.Há naquela região,muitas lagoas que são viveiros de sucuris.São elas que formam a cabeceira do rio.Não atirei no rumo;nunca fiz isso.
Meti a lanterna elétrica em cima do rebôjo e avistei uma cara horrorosa,meio macaco meio homem,cabelos lisos e bem pretos,cobrindo todo o rosto.Os dentes eram alvos e pontiagudos,rindo para mim com ar de mofa.Os olhos refugindo pelo efeito da luz do farolete,eram duas tochas acesas.Nunca mais vi coisa igual.O indio Carajá que estava comigo já havia corrido espavorido.Gritou em português que não atirasse nele que ganharia maldição para o resto da minha vida.Quando o bicho mergulhou,aproveitamos para dar o fora,e o índio pediu que fossemos embora,a seguir,porque não haveria mais um único peixe para nós.Este é o sapo grande que governa o rio e aparece para quem fala mal do Araguaia.Não fizemos objeção e até hoje nos recordamos daqueles olhos que pareciam farol de automóvel aumentados pela luz da lanterna.Cada um então contou um caso de negro d"agua e joão nunca quis saber de participar de pescarias,apesar de convidado com insistência,porque no pior servia para ajudar a empurrar o fordinho e remendar câmaras de ar.
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