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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A FLORESTA

Isso aconteceu a mais ou menos 7 ou 8 anos atrás, eu estava com 8 anos e o meu irmão 11.

O meu irmão, Caio, e o amigo dele, Pedro, estavam brincando no jardim, e eu como gostava do meu irmão, fui junto deles. A gente ficou correndo lá fora por um tempo e então se cansou.

Tem uma pequena floresta que fica de um lado e atrás da minha casa, uma rua bem movimentada em frente de casa e uma casa do outro lado da minha. E tem um trilho de trem que passa por perto de casa, mas você tem que entrar na mata e andar um bocado, mas ele já está abandonado faz um tempão e nenhum trem passa lá.

Nós estávamos tão entediados que acabamos entrando na mata, sem ir avisar os meus pais antes. Um GRANDE erro para um garoto de 11 anos, um de 12 e uma de 8.

Nós estávamos andando pela floresta e nunca tínhamos ido tão longe assim. Eu queria voltar para casa (eu tinha 8 anos e era uma chorona), mas os garotos queriam ficar e eu não conseguiria voltar sozinha, então eu não tive escolha. Foi quando nós vimos os trilhos de trem. O Caio e o Pedro saíram correndo e eu fiquei ali parada e comecei a chorar. O Pedro, que era o bonzinho, voltou e falou que estava tudo bem, que eu não precisava chorar, que nós já estávamos voltando.

Nós começamos a andar de novo e fomos em frente, saindo dos trilhos e entrando no mato. Depois de um bom tempo andando, vimos mais para frente a mata se abrindo, eu fiquei relaxada e contente achando que era a minha casa já, mas quando chegamos perto, era o trilho de novo. A gente achou estranho, por que a gente tinha saído dele, mas como a gente fez algumas curvas, simplesmente achamos que tínhamos feito um círculo. Então víramos para trás e começamos a andar de novo.

Depois de mais um tempo andando, chegamos a um barranco que não tínhamos visto antes. O meu irmão, Caio, falou que sabia onde estávamos que já tinha ido lá subiu o barranco e continuou em frente. Mais alguns minutos depois e acabamos voltando para outro ponto dos trilhos. O meu irmão olhou para um lado, olhou para outro e andou um pouco mais para frente. Eu fiquei parada lá no meio do trilho olhando para um lado e para o outro dele pensando se algum trem passava por ali, com o Pedro do meu lado chutando uma pedra. O Caio voltou e falou, BEM NA MINHA FRENTE, "a gente ta perdido." Eu comecei a chorar de novo, mas o Caio simplesmente agarrou a minha mão e me arrastou para continuarmos andado como se tivesse tudo bem.

Ficamos andando por volta de mais uma hora seguindo o trilho. Foi ai que eu comecei a ouvir uma música tocando. Era maravilhosa e parecia ser uma flauta. Ela tocava e parava. Depois de um tempo tocava de novo. Quando eu ouvi primeiro, estava vindo da minha direita. Quando eu ouvi de novo, estava na minha direita ainda, mas mais para a frente. Eu comecei a seguir a música, e o Pedro e o Caio não querendo que eu me perdesse deles, vieram atrás de mim. A gente ainda estava nos trilhos e eu ouvi alguém andando em volta da gente e só queria voltar para casa.

Depois de algum tempo a música estava vindo de dentro da mata e para continuar seguindo ela, eu tinha que sair dos trilhos. O Caio tentou me segurar falando que a gente ia se perder mais ainda se continuássemos seguindo a música, e que era perigoso, porque a gente nem sabia quem tava tocando.

A música tinha parado de tocar e nós ficamos parados olhando para dentro da mata para o lugar onde tínhamos ouvido ela pela última vez. Eu ouvi o som de alguém andando atrás da gente na mata e a música tocou de novo na nossa frente, como se tivesse avisando que tinha algo atrás da gente. Eu não pensei duas vezes e corri na direção da música.

Ficamos andando por mais meia hora dentro da mata, ouvindo aquela flauta tocar, não uma música contínua, mas algumas melodias. Ela tocava e parava, as vezes fazendo a gente mudar de direção. Ela não parecia estar muito longe, mas não conseguíamos ver de onde estava vindo o som. Não víamos ninguém mais no meio da mata, não ouvíamos os passos de ninguém, o que é bem difícil de não se ouvir se tivesse mais alguém lá no meio do mato com a gente.

Após um tempo andando eu vi uma construção e a estrada. Nós saímos correndo para lá. Era um centrinho de compras aqui da cidade, onde tem uma padaria, umas lojinhas e alguns restaurantes. O centrinho ficava a alguns quarteirões da minha casa. Na frente da padaria estava a minha mãe, chorando, e o meu pai abraçando ela, falando com um policial. Assim que eu vi eles, eu sai correndo na direção deles. A minha mãe me abraçou e me pegou no colo e deu uma bronca no Caio por não ter avisado ela que ia sair. E esse foi o fim do pesadelo.

Até hoje eu não sei quem ou o que estava tocando a flauta e o que era que poderia estar no seguindo na floresta. Não sei se tem algum espírito bom ou mal, ou talvez os dois, lá dentro da floresta.

Eu já voltei algumas vezes lá depois do que aconteceu, mas não cheguei a ouvir o som daquela flauta tocando. E também não me perdi. Mas mais uma coisa que eu acho estranha, é que eu não entendo como nos perdemos. O caminho da minha casa até os trilho
s parece ser tão simples agora. Eu não sei se por que éramos pequenos, nos perdemos, ou se alguma coisa queria que nós

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