Mark era um adolescente comum. Um desses numerosos adolescentes metidos a
corajosos. Mas ele tinha uma coisa de especial: ele vivia dizendo que
não tinha medo de nada. E ele não parecia estar brincando.
Por isso, muitas vezes era ele que era escolhido pela turma dele para
fazer as inúmeras apostas comuns de adolescentes. Apostavam que Mark não
conseguiria passar uma noite em uma casa abandonada que ficava em uma
floresta atrás do mercadinho. Mark - pelo mais incrível que pareça -
sempre voltava e vencia todas as apostas.
Mas não era só disso que Mark vivia. Ele era muito interessado pelo desconhecido, pelo ocultismo e por essas coisas que a maioria das pessoas só vê em filmes de terror.
Era tão engraçado ver os amigos de Mark recusarem inúmeras vezes de
entrar no quarto dele: tinham medo de que poderiam ver alguma coisa que
não lhes agradasse ou que lhes tirasse o sono. No quarto de Mark onde
ele fazia a maior parte das bizarrices dele: ele fazia rituais, via
vídeos de satanismo e qualquer coisa que em fóruns comentavam que era
algo "muito assustador" ou que "milhares de pessoas perderam as almas
vendo isso". Ele pesquisava qualquer coisa que tentasse dar medo em
Mark, mas inúmeras vezes nenhum dos vídeos que assistia ou rituais que
ele fazia davam medo para ele. Mark se sentia orgulhoso disso.
Se sentia orgulhoso até que o primo de um dos amigos de Mark acabou
sabendo das coisas que Mark fazia. O garoto ficou intrigado e tentou dar
uma de espertinho quando desafiou Mark dizendo que era mais corajoso
que ele. Mark teria ficado sério e muito frio, convidando o garoto para
entrar no quarto dele.
Os amigos de Mark ficaram apreensivos quanto ao que poderia acontecer
com o garoto lá dentro, então eles ouviram um grito após 5 minutos de
silêncio e ouviram o garoto batendo na porta, implorando para sair.
Mark apenas voltou, com uma longa risada. Ele parecia normal, mas o garoto estava pálido.
Depois daquele incidente, Mark tinha conseguido quase que um vício,
vendo que o quê tinha feito com aquele garoto não lhe dava medo. Então,
começou a pesquisar em fóruns e tópicos do 4Chan e descobriu a "Deepweb".
Mark leu que muitas pessoas que usavam a Deepweb acabavam tendo seu
sono afetado após ter encontrado coisas sobre pedofilia, canibalismo e
fóruns de psicopatas. Porém, aquela só seria a camada mais exterior da
Deepweb: ainda teriam muitas outras camadas antes do centro dela.
Mark ao julgar do que a Deepweb continha, deveria ser um de seus maiores
desafios, tentar chegar ao centro da Deepweb, e que talvez lá ele
encontre algo realmente assustador.
Era empolgante para Mark: como ele tinha certas habilidades de
computação, ele conseguia acessar fóruns restritos e ler os comentários
de psicopatas e de canibais que marcavam a hora para fazerem suas
vítimas. O que para muitos poderia parecer amedrontador - e ilegal - era
para Mark apenas mais motivos para ele se sentir poderoso.
O pior de tudo era que ele não sentia medo algum.
Aos poucos, ficou tão imerso em sua busca pelo centro da Deepweb que
acabou afastando seus amigos. Até mesmo seus familiares acharam que Mark
estava estranho, pois só saía do quarto dele quando era jantar e quando
tinha que ir para a escola.
Na escola, muitas pessoas que passavam perto dele viam ele escrever
símbolos estranhos e desenhar esquemas e espécies de gráficos caóticos e
incompreensíveis. Talvez estivesse elaborando uma maneira de conseguir
chegar de vez no centro da Deepweb.
O único amigo que ainda restava de Mark era Brad, que ele conhecia desde
o jardim de infância. Apenas para Brad que Mark contava sobre suas
descobertas. Claro, o amigo dele não era um homem de ferro para
conseguir ouvir tudo que Mark dizia sem acabar se sentindo
desconfortável.
Na última noite que Brad viu Mark, Mark murmurava uma espécie de código.
Coisa que ele fazia para não se esquecer. Ele estava irritadiço e
ficava murmurando que era hoje que ele iria ver finalmente o que tinha
no centro da Deepweb.
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Após 2 semanas faltando, Brad é instruído pelo líder da classe a tentar
falar com Mark para ele parar de faltar nas aulas, pois era a reta final
do ano e logo vinham as provas finais.
Mark chega até a casa de Brad, eram 17 horas. Então Brad teria
contornado a casa e entrado pela porta de vidro do quintal que estava
aberta. Na casa de Mark não tinha absolutamente ninguém, parecia que
todos haviam sumido junto com ele.
Brad continuou andando e notou que na cozinha, todas as gavetas estavam
abertas, haviam alguns talheres caídos no chão e as cadeiras da sala
estavam todas caídas e desencostadas, como se quem estivesse nelas
tivesse se levantado abruptamente.
Brad pensou em subir no quarto de Mark, mas quando chegou na porta, viu
ela entreaberta e com vários papéis no chão. Pareciam as anotações de
Mark, sendo que elas poderiam ter sido marcadas com um ferro que parecia
ter acabado de ter saído da brasa, muito parecido com aqueles
marcadores de cavalos. Só que neles tinham símbolos estranhos. Ainda
dava para ler, e Brad notou que aquilo pareciam instruções:
#Carne
#Arroz
#Velas
#Pé-de-cabra
#Vaso
#Giz negro
Brad achou apenas estranho, foi aí que viu em outro papel o possível
lugar de onde estaria Mark: a casa abandonada em que ele teria passado
uma noite após ter apostado com a turma dele.
Brad foi correndo para lá, pois provavelmente era onde seu amigo estava.
Mas Brad ainda tinha medo dentro de si. O que o motivou a continuar foi
sua curiosidade. Com certeza, o que Mark tinha de coragem e ousadia era
o mesmo tanto que Brad tinha de curiosidade.
Brad finalmente chegara na casa abandonada. O sol já começara a se pôr e
Brad não tinha tempo para ter medo, tinha que entrar lá e descobrir -
Deus sabe lá como - o paradeiro de Mark e sua família.
Estava escuro dentro do casarão e tudo que Brad tinha era uma câmera
fotográfica. Ele ainda poderia usar a luz que emana do ecrã para poder
tentar enxergar algo, e também que ainda tinha a luz do sol à seu favor.
Brad então continuou a explorar a casa, até que começou a ver uma
estranha trilha de giz de cor preta. Seria o giz incomum que Mark teria
comprado na Deepweb? Aquilo se parecia muito com carvão.
Brad seguia a trilha, iluminando com a luz da câmera digital.
Eventualmente achava as notas de Mark pela trilha e então, notou que
havia uma caixa de giz e velas que estavam na frente da porta do porão.
Brad abriu a porta lentamente e, vacilante, começou a caminhar pelas
escadas rumo à escuridão do porão.
Olhou para o relógio e viu que eram 18:33, já deveria estar quase de
noite. Brad se esforçou para não tropeçar enquanto descia pelas escadas e
quando chegou finalmente onde estaria o porão, sentiu que pisou em uma
espécie de "tapete" de carne. Nisso, na total escuridão ouviu uma voz
familiar:
"Brad..."
Brad havia identificado a voz de Mark, mas não conseguia vê-lo. Só conseguia ver a luz da tela da câmera.
"Brad..."
"S-s-sim???"
"Posso sentir seu medo..."
A última frase de Mark fez quase que Brad entrasse em pânico. Seguiu um silêncio até que finalmente, Mark disse:
"Brad, poderia tirar uma foto de eu e minha família? Todos estamos ansiosos para isso."
Brad então, sem escolha. Empunhou a câmera tremulamente e apertou o
botão para tirar a foto. Com o que tinha visto no flash foi o suficiente
para seu coração disparar. Então ele continuou trêmulo e lentamente
olhou para a foto que havia tirado. Brad teve náuseas e deixou lágrimas
escaparem. Nisso ele ouviu a voz de Mark ao lado da dele:
"Você quer saber o que eu encontrei no centro da Deepweb?"
Brad estava soltando murmúrios, se esforçando para não gritar.
"Uma maldição
Brad. Uma maldição lançada pelo próprio. Mesmo sabendo que era ele e do
que poderia achar no centro da Deepweb, eu não estava com medo... Levou
pouco tempo para eu entender. Sabe qual era a maldição lançada sobre
mim?"
Brad continuou quieto. A voz de Mark estava mais perto do ouvido dele e parecia mais fria.
"Eu nunca mais poderia sentir medo.
Por isso, em desespero comecei a procurar maneiras de sentir medo, mas
nada me afetava. Antes eu achava isso algo bom, mas quando ele começou a
me visitar tudo começou a ficar pior... Ele se aproveitou de minha nova
fraqueza e fez eu matar meus parentes e meus amigos. Sim Brad, toda
essa carne que você viu neste porão, é a carne de nossos conhecidos e é
hora de você se juntar a eles."
Brad começou a gritar de horror, começou a correr e subir as escadas.
Então, quando olhou para cima viu um homem que olhou com seus olhos
vermelhos para o rosto de horror de Brad. Ele deu um sorriso e fechou a
porta. Ele bateu várias vezes na porta, implorando para que abrissem, e
então ele sentiu algo cortando a barriga dele. Assim ouviu a voz de
Mark:
"Pronto para conhecer onde os pecadores moram?"
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Portal de Notícias, 12 de outubro de 2007
Hoje a polícia acabou encontrando o corpo de Mark Hills em um casarão
abandonado das redondezas de Redville, Montana. O adolescente que estava
desaparecido à meses, só foi achado após seu amigo, Brad Joann ter
desaparecido em uma sexta-feira, um mês atrás. As equipes de busca
teriam achado um dos pertences de Brad em uma antiga trilha até o
casarão, onde acharam uma trilha de algo que parecia carvão até ao porão
da casa onde estava o corpo de Mark.
O delegado de Redville, Sr.Hilson declarou que o corpo de Mark foi
achado carbonizado e foi achado com um cutelo, junto com o que parecia
carne.
"Havia tanta carne naquele porão que tinha até mesmo na parede! Não
sabemos nem quem fez aquilo, pois deveria ser ou muito sádico ou
inumano" Acrescentou Hilson.
As suspeitas vão para Mark que agia estranho alguns dias. O que os
policiais acharam foram os pertences de algumas pessoas como a câmera
digital de Brad e a carteira do pai de Mark. Não há conclusões sobre a
morte de Mark. Acreditam na possibilidade de um suicídio, embora as
marcas e cortes no corpo de Mark sugerem homicídio.
O caso foi arquivado.
Mas foi achada uma foto peculiar na câmera digital de Brad.
Aqui está a foto.
Você sentiu medo ao encarar o rosto de Mark? Você seria capaz de afundar
a si mesmo nas profundezas mais nojentas e doentias da mente.
O que escontraria lá?
Sentir medo é humano. Se você se quiser livrar dele ou querer
mascará-lo, lentamente as consequências virão e lentamente você perderá a
humanidade.
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