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domingo, 21 de julho de 2013

O SENHOR DOS CEMITÉRIOS

Chamo-me Nelson, sou casado e moro em Feira de Santana, na Bahia.
O fato relatado por mim, nestas linhas, aconteceu comigo, minha esposa Cirema e minha sogra Delsuíta, há cerca de uns seis anos quando, Delsuíta resolveu fazer consultas com uma senhora em um Centro Espírita.

O problema surgiu quando ela começou a ter pesadelos com o marido que já havia falecido há anos. Neles, o via entrar no quarto vestido de preto, subir na sua cama e tentar estrangulá-la.

Após inúmeras vezes, passando noites assim, tinha vezes que a coitada se dopava de café para não dormir.
Ela, que não era muito religiosa, mas devido ao acontecido, resolveu então ir fazer uma consulta com uma conhecida mediúnica.
O dia então chegou. Eu e minha esposa passamos na casa dela e a conduzimos ao Centro Espírita.
Lá chegando, fiquei aguardando as duas fora do estabelecimento. As horas voaram. Logo ficou bem tarde da noite.
Eu já estava sonolento quando ambas terminaram de ser atendidas. Assim, fomos para o ponto de taxi. Próximo ao ponto, cerca de uns sessenta metros, não pude deixar de notar um cemitério.
Conversávamos para passar o tempo, quando notamos, ao longe, o vulto de um homem que se aproximava. Não seria nada demais, se não fosse pelo fato de que a certa distância, ele já aparentava ser bem alto, como se estivesse montado a cavalo. Logo começamos a ouvir seus passos. Incrível, ele tinha um pouco mais dois metros, imagino, usava um chapéu e um casaco preto, com algo que lembrava uma capa. Parecia ter saído de um filme.
Quando ele passou por nós, notamos que em seu rosto não existia vida nenhuma, parecia um boneco de cera (com grandes olhos negros) da pior qualidade. Pensei: - É uma brincadeira de mal gosto de algum miserável desocupado. Minha sogra gritou: - Não o encarem! É o guardião das almas perversas! Rezem, minhas crianças! Rezem! Desesperados, com os olhos evitando-o, rezamos trocando palavras mas sem parar. Ele então, deu um terrível urro, que mais parecia o de boi sendo esquartejado vivo. Minha esposa quase perdeu os sentidos, eu tremia dos pés a cabeça. De repente deu um vento fortíssimo levantou a poeira do chão numa espécie de roda-moinho e o espectro diabólico se dissolveu, um cheiro de coisa estragada tomou todo o ar a nossa volta. Minha esposa, então, voltou a si, então eu a coloquei em meus braços e nós três corremos para o próximo quarteirão, onde já se podia ver outras pessoas, que quando nos viram chegarmos assustados, logo perguntaram : - O que foi ? Minha sogra olhou para mim, como quem dizia: - Tome cuidado com que vai dizer. Eu então disse, para não acharem que éramos loucos: - Quase fomos assaltados. Alguns nos olharam desconfiados. Acredito que nossos olhos nos denunciavam para as pessoas que a verdade não era aquela.
Daí fomos para uma rodoviária, não falamos uma só palavra, esperamos até o dia amanhecer, fomos para casa e ficamos dias pensando se era ou não possível que dois mundos tão diferentes, o das almas e o dos vivos, se colidissem daquela maneira. Minha esposa nunca mais tocou no assunto. Minha sogra já faleceu há alguns anos.
Acredito que, naquela noite, pagamos um preço por termos nos arriscado tanto em um terreno onde nós não nos encaixávamos.

 Nelson Barbosa- BA 

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